
Em uma entrevista coletiva transmitida ao vivo para todo o mundo, o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, deixou claro ontem que já não identifica no ministro do Esporte, Orlando Silva, o interlocutor para a preparação da Copa do Mundo de 2014.
"Em novembro, a ideia é encontrar o novo representante do governo de Dilma Rousseff, que agora está liderando os trabalhos de preparação da Copa no nível governamental", disse Valcke, na esperança de que até lá o Palácio do Planalto tenha designado outra pessoa para fazer o contato com a Fifa.
Apesar de oficialmente o Palácio do Planalto insistir que nada mudou e que o Ministério do Esporte continua liderando os trabalhos, Valcke parecia já falar de uma outra realidade. "Estou certo de que a presidente [Dilma] tomou a decisão certa em escolher uma pessoa, seja o que ocorrer com Orlando Silva", disse.
Inimigo
O ministro se transformou em um desafeto de Valcke e do presidente da Fifa, Joseph Blatter. Ambos o acusam de ter mudado a Lei Geral da Copa que foi enviada ao Congresso, sem consultar a entidade, que por meses negociou o texto com advogados.
Em sua edição de ontem, o jornal já indicava que Orlando não fazia mais parte dos planos da Fifa e a entidade comemorava o possível fim do mandato do ministro, considerado como o principal obstáculo para os avanços na Copa do Mundo.
A Fifa e o Comitê Organizador Local da Copa, liderado pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ainda puniram o governo ao retirar jogos da Copa de 2014 de Porto Alegre e demonstrar que os prazos de obras federais não são confiáveis.
Logo após a declaração do secretário-geral da Fifa, a Casa Civil divulgou nota insistindo que continuará usando o Ministério do Esporte como ponto focal entre a entidade e o governo.
Ontem, tanto Valcke como o presidente da Fifa, Joseph Blatter, fizeram questão de mostrar desagrado com o governo brasileiro. Ambos viajarão para o Brasil no próximo mês a fim de tratar do assunto da Lei Geral da Copa com Dilma.
"Vou ter uma reunião com Dilma, provavelmente em novembro, para finalizar para sempre o compromisso que foi dado à Fifa pelo antigo governo brasileiro [de Luiz Inácio Lula da Silva], quando o Brasil recebeu o direito de sediar a Copa", afirmou Blatter.
Em 2007, o governo Lula assinou cartas em que garantia que iria cumprir com as exigências da Fifa em questões como ingressos, proteção de marcas e outros assuntos que hoje esbarram na lei nacional.
Para não perder tempo, a Fifa também se reúne com parlamentares para garantir que o novo projeto será aprovado pela Câmara e pelo Senado, antes do fim do ano.



