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O segurança Altair Rodrigues da Silva, de 38 anos, foi morto com cinco tiros por volta das 18h de sábado, em um bar na avenida José Lourenço Neves, 388, no bairro Bom Clima, em Guarulhos. Ele trabalhava para o Sindicato dos Condutores de Guarulhos (Sincoverg) e teria denunciado esquema de corrupção no sistema de transporte da cidade. Segundo a polícia, dois homens numa moto chegaram ao estabelecimento, onde a vítima tomava cerveja, atiraram e depois fugiram. As balas atingiram a cabeça e o pescoço de Silva, que morreu no local.

A morte de Silva foi a segunda ocorrência envolvendo membros de sindicatos de motoristas em dois dias na Grande São Paulo. Na noite de quinta-feira, o diretor de base do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores do Transporte Coletivo de São Paulo, Valério Moreira Filho, de 37 anos, foi morto com três tiros num centro esportivo no Jardim Ângela. A vítima jogava bilhar quando dois homens entraram, fizeram os disparos e fugiram a pé.

Na segunda-feira passada, outra pessoa ligada ao sistema de transportes de Guarulhos sofreu uma tentativa de homicídio. O policial militar Benedito Aparecido Rocha, de 39 anos, levou cinco tiros quando trafegava de moto por uma rua do bairro Parque Edu Chaves, na zona norte de São Paulo. Os tiros foram disparados por outros dois homens que passaram pelo local. O PM acusou dois outros policiais de tentar executá-lo, segundo ele, por causa de dívidas que tinha com os colegas. Segundo a polícia, os três PMs têm sociedade em coletivos que fazem o transporte público no município.

Sindicalistas de Guarulhos que preferem não se identificar disseram que a entidade de condutores sofre uma guerra interna. De um lado, há um grupo que denuncia suposto esquema de corrupção envolvendo líderes de motoristas da cidade. Do outro, o grupo de acusados de corrupção, que tenta afastar da entidade aqueles que não concordam com o esquema. Na tarde deste domingo, a reportagem tentou falar com o presidente do Sincoverg, Francisco Silva, que não retornou as ligações. Integrantes do sindicato dizem que ele não é encontrado desde sexta-feira.

O segurança assassinado anteontem já teria registrado denúncias de corrupção no 1º Distrito Policial de Guarulhos e na Polícia Federal. Segundo os sindicalistas, o suposto esquema de corrupção envolveria dirigentes sindicais e funcionários de empresas de ônibus que atuam na cidade. Uma comissão de trabalhadores foi criada para apurar a denúncia e levá-la à Justiça.

Em 4 de julho, a vítima registrou em cartório uma denúncia de violação dos direitos dos trabalhadores do Sincoverg e acusou diretores do sindicato de receber dinheiro supostamente de empresas para não defender e atender aos direitos da categoria.

A morte de Altair Silva não é o primeiro caso de assassinato no Sincoverg. Em novembro de 2001, o então presidente do sindicato, Maurício Alves Cordeiro, foi executado. Um dos acusados do crime foi o ex-presidente do sindicato dos motoristas da capital, Edvaldo Santiago.

Dois integrantes do Sincoverg tiveram prisão decretada há dois anos. O presidente da entidade, Antonildo Gonçalves da Silva, o Índio, e o secretário do sindicato, Antonio Fernandes de Souza, o Grilo, foram acusados de participar na execução de Cordeiro. Após sua morte, Índio ocupou o cargo.

Em 2003, 16 sindicalistas do setor de ônibus foram presos, incluindo Edivaldo Santiago da Silva, presidente do Sindicato dos Motoristas de São Paulo, que também foi acusado de envolvimento na morte de Cordeiro. Os sindicalistas eram acusados de receberem propinas de empresários para promover greves na Capital. O ex-PM e sindicalista Severino Teotônio do Nascimento, o Titonho, de 37 anos, foi acusado de efetuar os disparos contra Cordeiro. Titonho foi morto a tiros em 2004, em Itanhaém. Ele chegou a ficar preso em Guarulhos, acusado de homicídio. De 2000 para cá, 15 sindicalistas das áreas de transporte e comércio foram assassinados na Grande São Paulo.

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