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Até as 16h desta quinta-feira (27), seis pessoas já tinham sido ouvidas na primeira audiência da Comissão Nacional da Verdade em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná. O jornalista e presidente do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz, Aluízio Palmar, iniciou os depoimentos marcados para o dia com uma apresentação sobre a chacina de Medianeira, ocorrida em 1974.

O massacre foi tema do livro "Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?", publicado em 2005 por Palmar. Na obra, o jornalista relata a história dos militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) Onofre Pinto, Daniel e Joel de Carvalho, José Lavecchia, Victor Ramos e Enrique Ruggia, que foram pegos em uma emboscada montada pelo Exército brasileiro no interior do Parque Nacional do Iguaçu, onde cinco deles foram mortos. Ex-sargento do Exército, Onofre Pinto foi levado vivo e torturado em Foz até a morte. A chacina ocorreu em 1976 e, até agora, nenhum dos corpos foi localizado.

Na sequência, foi ouvido o então policial Adão Almeida, que acompanhou as investigações iniciadas na época para encontrar os corpos. O terceiro testemunho veio do coordenador da Comissão da Verdade Rubens Paiva (SP) Ivan Seixas, que também teve acesso a documentos sobre a morte dos militantes em Foz e que acompanha as investigações no município.

Gilberto Giovannetti, que também era militante da VPR e, quando estava sob tortura em um órgão da ditadura em São Paulo, teve que fornecer informações sobre os aos agentes repressores foi o quarto a prestar depoimento, seguido da argentina Lilian Ruggia, irmã de uma das vítimas da chacina no parque. Lilian, que veio do país vizinho para participar da audiência, chorou durante o depoimento.

Por volta das 15h30 tiveram início os testemunhos de vítimas da ditadura em Foz, com o depoimento da professora Izabel Fávero.

Nenhum dos quatro agentes militares que teriam participado das torturas no município (Otávio Rainolfo da Silva, Mário Expedito Ostrovski, Júlio Cerdá Mendes e João Neuzar Machado) compareceu aos depoimentos desta quinta-feira. Silva, inclusive, teria dito que só falaria com a comissão reservadamente.

Presidida pela coordenadora nacional da comissão, Rosa Cardoso, e o coordenador da estadual, Pedro Bodê, a audiência ocorre no Plenário da Câmara dos Vereadores de Foz do Iguaçu. Cerca de cem pessoas participam da reunião, que é aberta ao público. A previsão é de Alberto Fávero e Ana Beatriz Fortes, as outras duas testemunhas vítimas da ditadura em Foz designadas para depor no encontro, sejam ouvidas ainda nesta quinta-feira. Os trabalhos seguem até esta sexta-feira (28), quando será feita uma visita à pedra fundamental do memorial que será construído para homenagear as vítimas das ditaduras na América do Sul.

A Comissão Nacional da Verdade está percorrendo o Brasil desde julho de 2012, realizando audiências públicas para colher depoimentos de vítimas de graves violações de Direitos Humanos ocorridas entre 1946 e 1988, notadamente as violações ocorridas durante o regime militar brasileiro (1964-1985).

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