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“Quando você mostra competência dentro daquilo que se propõe a fazer, o tempo é relativo. O William Bonner e a Fátima Bernardes, há quanto tempo estão de âncora no Jornal Nacional?”
João Claudio Derosso, vereador (PSDB) e presidente da Câmara de Curitiba | Rodolfo Bührer/arquivo/ Gazeta do Povo
“Quando você mostra competência dentro daquilo que se propõe a fazer, o tempo é relativo. O William Bonner e a Fátima Bernardes, há quanto tempo estão de âncora no Jornal Nacional?” João Claudio Derosso, vereador (PSDB) e presidente da Câmara de Curitiba| Foto: Rodolfo Bührer/arquivo/ Gazeta do Povo

Entrevista

João Claudio Derosso, presidente da Câmara de Curitiba.

A reeleição contínua não traz problemas para o Legislativo?

Quando você mostra competência dentro daquilo que se propõe a fazer, o tempo é relativo. O William Bonner e a Fátima Bernardes, há quanto tempo estão de âncora no Jornal Nacional? Desde que assumimos até hoje, por exemplo, melhoramos muito a infraestrutura. Isso só pode ser feito quando existe visão de médio, longo prazo. E sempre fui eleito, nunca houve um golpe, nem nada.

Mas a vida pública não é diferente da iniciativa privada nesse ponto?

Não é. Quando você faz um bom trabalho e não denigre a imagem, não há problema.

O que é mais importante para conseguir os votos dos vereadores?

Compromisso assumido é compromisso cumprido. A gente prevê uma série de melhorias na Casa como um todo. Você tem que mostrar naqueles dois anos que o que é almejado pelos vereadores ocorra.

Mas o que os vereadores mais pedem?

Hoje é a questão da transparência.

A última vez que o senhor enfrentou uma chapa mais competitiva foi a de Natálio Stica em 2000, certo?

É que agora, por exemplo, o Beto [Richa] foi eleito com tranquilidade. Naquela época, como o Cassio Taniguchi [prefeito de Curitiba] precisou de segundo turno para se reeleger, o PT achou por bem lançar uma candidatura para fazer o contraponto.

A Câmara Municipal de Curi­­tiba elegerá hoje o vereador João Claudio Derosso (PSDB) para seu oitavo mandato consecutivo como presidente da Casa. Derosso, que já comanda o Legislativo municipal desde 1997, é candidato em chapa única na votação marcada para a manhã de hoje. De acordo com cientistas políticos, a ausência de alternância já prejudica o jogo democrático na Casa.Neste ano, o único indicativo de que Derosso poderia enfrentar alguma resistência partiu do PT. O partido chegou a cogitar o lançamento de Jonny Stica (PT) para a disputa. No entanto, vendo que não teria chance de concorrer com a chapa montada por Derosso, que teria o apoio dos vereadores da base do prefeito Luciano Ducci (PSB), decidiu apenas se abster da votação. Ducci tem apoio de 33 dos 38 vereadores da cidade.

Nem todos os parlamentares concordaram com a decisão de evitar o bate-chapa. A vereadora Professora Josete (PT) emitiu ontem nota em que classifica de "feudalismo" a perpetuação de Derosso no cargo. "A Câmara Municipal não tem renovação. Acredito que seria positivo lançar um candidato mesmo que fosse para marcar posicionamento", afirmou a vereadora em entrevista.

Derosso discorda das críticas e diz que, assim como na iniciativa privada, se alguém mostra competência pode permanecer no cargo sem qualquer prejuízo para a democracia (veja entrevista ao lado).

Para cientistas políticos, porém, é nítido que a reeleição contínua de um mesmo vereador para presidir a Câmara é sintoma de algum problema no Legislativo de Curitiba. "Esse cenário mostra uma fraqueza praticamente raquítica dos partidos políticos – principalmente os de oposição – na Câmara de Verea­­­dores de Curitiba. Mos­­tra como, de fato, não há oposição política na cidade", afirma Emerson Cervi, professor de Ciências Políticas na Uni­­versidade Federal do Paraná.

Cervi diz que a manutenção de Derosso na presidência da Câmara tem relação direta com a permanência de um mesmo grupo político à frente da prefeitura de Curitiba. "A reeleição é um dos sintomas mais aparentes desse cenário de completa hegemonia de um grupo político em Curitiba há mais de duas décadas", afirma.

Já para o professor Ri­­cardo Costa de Oliveira, também da UFPR, a série de reeleições de Derosso é "fenomenal" e encontrada em poucos legislativos no Brasil do tamanho da Câmara de Curi­­­tiba. "Lembra muito mais a República Velha, na qual uma oligarquia dominava o poder, do que uma democracia moderna do século 21", afirma.

Proibição

Um projeto que tramita na Câmara dos Deputados, em Brasília, pode impedir a reeleição de todos os presidentes de câmaras municipais e assembleias legislativas no país. A proposta de emenda constitucional foi apresentada em 2009 pelo deputado federal Ratinho Júnior (PSC-PR) e hoje espera votação na Comissão de Constituição e Justiça.

Ratinho diz que apresentou o projeto por perceber que há falta de revezamento em muitos órgãos legislativos. "Em alguns casos a gente nota um certo coronelismo. E é preciso que haja um revezamento", afirma o deputado.

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