Depois de atuar nos bastidores para pôr fim na crise política no governo federal, que culminou com a substituição de Antonio Palocci pela senadora paranaense Gleisi Hoffman na Casa Civil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em Curitiba, afora tem mais liberdade para atuar politicamente no país, pois está livre das amarras do cargo de presidente. "Hoje posso falar coisas para prefeitos e governadores que não podia falar quando era presidente porque tinha que respeitar os entes federais", afirmou.
Pelo tom do discurso que fez para cerca de 300 mulheres que acompanharam o encerramento da marcha do Movimento Nacional das Catadoras de Material Reciclável, Lula deu mostra que ainda não "desencarnou" da Presidência. "Se antes vocês tinham um presidente da República, agora vocês têm um ex-presidente e uma presidenta com a mesma vontade, com a mesma disposição para fazer", disse. A visita de ontem foi a primeira ao Paraná desde que ele deixou a Presidência, em janeiro.
Palocci
Ao deixar o encontro com os catadores, Lula lamentou a saída do ex-ministro Antonio Palocci, indicado por ele para o primeiro escalão do governo Dilma. "Não é todo país que tem um quadro político da competência do Palocci", afirmou. Lula, no entanto, disse que a presidente Dilma Rousseff "tomou uma atitude na hora certa" ao convocar a senadora Gleisi Hoffmann.
"Acho que a Gleisi é uma figura excepcional. Ela era antes, foi durante seus cinco meses de Senado e será durante todo o governo uma das pessoas mais competentes deste país", disse o ex-presidente.
Batalha
No discurso às catadoras curitibanas, Lula citou uma das principais reivindicações das catadoras, que é a proibição de incineração de material reciclável, e afirmou que vai participar da "batalha". "Eu estou mais disponível agora do que quando era presidente da República", disse. Sob aplausos, Lula ressaltou ter voltado à sua "origem". "Nunca esqueci de onde vim. Não sou catador de material reciclável, mas sou um eterno catador de sonhos e esperança e luto para reciclarmos a cabeça das elites brasileiras, que ainda não valorizam o trabalho de vocês."
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