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Reforma da Previdência

Sem apoiadores do projeto, debate sobre reforma da Previdência vira ato contra Temer

Segundo Requião Filho, deputados não encontraram quem apoiasse reforma no Paraná para participar da discussão

Segundo a Alep, mais de 600 pessoas se reuniram nas galerias da Assembleia para assistir à discussão | Durval Ramos/Gazeta do Povo
Segundo a Alep, mais de 600 pessoas se reuniram nas galerias da Assembleia para assistir à discussão (Foto: Durval Ramos/Gazeta do Povo)

O que era para ser um debate sobre a reforma da Previdência se tornou em palco para ataques da oposição ao governo federal. E foi sob os gritos de “Fora Temer” e “Fora Beta Richa” que ocorreu a audiência pública sobre a polêmica proposta de revisão nas regras da aposentadoria realizada na manhã desta sexta-feira (31) na Assembleia Legislativa do Paraná. Organizado pelo deputado Requião Filho (PMDB), o evento contou com a presença massiva de forças sindicais e de políticos que se opõem ao governo Temer, como os senadores Roberto Requião (PMDB), Gleisi Hoffmann (PT) e Paulo Paim (PT-RS).

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De acordo com o deputado estadual, a ideia da audiência era realmente fazer um debate ouvindo opiniões contra e a favor da reforma, o que acabou não acontecendo. “Não conseguimos encontrar ninguém que apoiasse aqui no Paraná”, afirmou o deputado estadual durante o início da sessão. O senador Alvaro Dias (PV) estava confirmado para participar da discussão, mas não compareceu por ter um compromisso no interior, explicou Requião Filho.

E não faltaram críticas à reforma. Durante seu discurso, o senador Roberto Requião chamou a reforma de deformação e disse que o objetivo da proposta é “entregar a previdência pública para o capital financeiro”, citando os grandes bancos nacionais e internacionais. Para ele, o projeto não deve passar na Câmara porque nem mesmo o PMDB tem uma posição unânime sobre o tema. “Não há rombo da Previdência, mas uma tentativa de entregar esse dinheiro para a banca”, disse.

A senadora Gleisi também não poupou ataques. Ela afirmou que a Previdência conta com outras receitas além da contribuição dos trabalhadores, como a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e de faturamento das empresas, além do PIS/PASEP, e que o Planalto está ignorando essas somas para reforçar a narrativa do déficit. “O governo está manipulando números para justificar uma reforma que vai fazer mal às pessoas e ao Brasil.”

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Para Paim, a reforma é cruel e desumana, feita para impedir que as pessoas se aposentem. “É algo do mal contra as pessoas de bem. O governo vai apenas recolher o benefício, mas ninguém vai receber”. Ele lembra que a idade de 65 anos proposta no projeto é mínima, mas que, na prática, muita gente vai ter de ficar ainda mais tempo para garantir o benefício completo. “É uma reforma bandida. É uma proposta que não diz a que veio a não ser favorecer o sistema financeiro”.

Apoio de ex-ministro

Quem também participou do debate na Assembleia foi o ex-ministro da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas. Responsável pela pasta em 2015, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, ele disse concordar com a necessidade de uma atualização das regras de aposentadoria, mas se posicionou contra a reforma do modo como ela está sendo apresentada.

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Gabas critica principalmente a postura do governo de exonerar tributos de empresas e cobrar do trabalhador. Para ele, o problema não é um aumento nas despesas, mas uma queda na arrecadação. “Quem está quebrado não abre mão de arrecadação”. O ex-ministro lembrou ainda da situação da aposentadoria rural e disse que acabar com o benefício é “uma medida burra e cruel” que vai se voltar contra toda a sociedade. “Estamos atentando contra a produção de alimentos”.

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