
A decisão do governo Dilma de suspender os concursos públicos no ano que vem congela expectativas de quem estuda de olho em um emprego federal. Cerca de 25 mil vagas deixarão de ser preenchidas por concurso no governo no ano que vem, segundo estimativa da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac).
“O cancelamento seria bem recebido se fossem cortados os 100 mil cargos comissionados no governo federal”, afirma a diretora da Anpac, Maria Thereza Sombra. Para ela, a medida terá alcance limitado. “O governo federal não pode se meter no Judiciário e no Legislativo”, argumenta.
Concursos já autorizados devem ser mantidos
Em Curitiba, a suspensão dos concursos não altera o planejamento dos cursinhos preparatórios, segundo João Viana, diretor do curso Solução, um dos maiores e mais tradicionais de Curitiba, há 32 anos no mercado. “Atrapalha, mas para nós não afetou muito. Prejudica, pois o anúncio não foi muito claro. As pessoas veem a notícia, depois percebem que não é bem assim”, diz. “Começamos hoje duas turmas para o concurso do INSS, uma de manhã e outra de noite, com 210 alunos. Já passamos por isso antes, no governo FHC, com a suspensão de concursos.”
Viana aposta que os concursos do INSS e da Caixa Econômica Federal serão realizados no primeiro trimestre do ano que vem. “Esses dois vão sair e tem também o do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, que já está confirmado, pois a Justiça do Trabalho tem dotação orçamentária própria.” No momento, a turma de alunos para o concurso do TRT tem 80 inscritos e para o da Copel, 460 alunos.
Para quem estuda para concursos e acompanha o vai-não-vai do lançamento de editais, a suspensão dos concursos do Executivo federal não chegou a surpreender. É o caso de Adriel Yoshio Santos Igarashi, 27 anos de idade, mestre em Engenharia Elétrica. “A medida já era esperada pelos concurseiros. O Rio Grande do Sul já tinha suspendido concursos por um ano”, diz.
Igarashi estuda de seis a dez horas por dia, em casa, com aulas pela internet. Ele se prepara para concursos desde 2013, quando concluiu o mestrado e constatou que os salários eram abaixo do que esperava. “O número de faculdades aumentou muito e, com mais mão de obra, os salários estão baixos. Resolvi seguir pela área pública”, conta. “Não tenho perspectiva positiva para 2016. Para quem está estudando, o negócio é se manter motivado para 2017”, afirma. Ele passou em concursos na Receita do Rio Grande do Sul e espera ser chamado. “Temo que comissionados ocupem os cargos de servidores aposentados. A lei não permite a substituição de cargos efetivos por comissionados, mas pode acontecer”, diz.



