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Rumo a 2014

Sem espaço, Marina deixa o PV

Presidenciável, que conseguiu 20 milhões de votos na eleição do ano passado, não obteve poder dentro do partido. Segundo ela, decisão “não é pragmática”

Marina: impasse com a cúpula do PV | Fotoarena/Folhapress
Marina: impasse com a cúpula do PV (Foto: Fotoarena/Folhapress)

A ex-senadora Marina Silva anunciou ontem, em evento na capital paulista, a sua saída do PV. A saída de Marina se deve a um impasse entre ela e a cúpula da legenda: embora tenha se tornado a estrela do partido no ano passado, com 20 milhões de votos para a Presidência da República, Marina não conseguiu se impor nas decisões internas, que ficam nas mãos do presidente da Executiva, José Luiz Penna.

Em discurso, a ex-senadora ressaltou que a sua decisão é uma maneira de "manter a coerência" e não se trata de uma "saída pragmática". "Não se trata de uma saída pragmática, com olhos pregados em calendários eleitorais. Ao contrário, é a negação do pragmatismo a qualquer preço", destacou. "As eleições são parte, não são o fim, não são tudo", acrescentou.

A ex-senadora afirmou que seguirá com a sua luta por uma "nova maneira de fazer política" e salientou que não irá ficar na "cadeira cativa" de candidata a presidente em 2014. "Não vou ficar na cadeira cativa de candidata em 2014, mas podem ter certeza que eu quero que esse processo pela nova maneira de fazer política esteja tão forte e vigoroso que tenha um candidato à altura." E que, se houver um candidato com este perfil, terá o seu apoio. "Eu não sou boa para pedir voto para mim, mas sou boa para pedir voto para os outros", disse, arrancando risos dos presentes.

Segundo Marina, o debate político hoje não pode estar restrito à sucessão presidencial. "Chegou a hora de acreditar, chegou a hora de ser ou fazer", afirmou. "Eu acredito no voto consciente, no voto informado. É preciso reagir e chamar as pessoas para falar sobre o nosso futuro."

Reação

A Executiva Nacional do PV divulgou ontem nota à imprensa na qual reconhece que a sigla passa pela sua primeira "grande crise de crescimento" e lamenta o que chama de "falsa polêmica artificialmente inflada" sobre a falta de democracia interna no partido. "Nós consideramos que estamos passando por nossa primeira grande crise de crescimento", ressaltou. "O PV e suas lutas, entretanto, são maiores do que qualquer pessoa. Nós temos certeza de que ultrapassaremos os problemas atuais e sairemos fortalecidos desse processo", acrescentou.

Uma das críticas feitas pelos aliados de Marina Silva é a ausência de eleições diretas para a escolha da direção da agremiação. "A transformação dos partidos políticos, como toda construção social, necessita ser conduzida de maneira democrática e responsável. Os processos nesse sentido devem ter como base a tolerância, a persistência, a paciência e a humildade", destaca a Executiva Nacional do PV.

Na nota, a direção da sigla lembra que, para receber a ex-senadora, "sem quaisquer freios", teve de promover mudanças em algumas posições partidárias. "Com generosidade e respeito às diferenças, para receber Marina Silva sem quaisquer freios, estabelecemos a cláusula de consciência, que permite que filiados explicitem suas posições pessoais em relação a itens do programa partidário em face de convicções religiosas", disse. "Reconhecendo desde o início a relevância política de Marina, foi alterado, também, o número de membros da Executiva do partido, de maneira a abrir espaço a vozes diretamente ligadas à futura candidata."

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