• Carregando...

Dezoito páginas baseadas em três depoimentos fundamentam o documento que inocenta o governo do estado da participação em escutas telefônicas ilegais. Assim é o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Grampo, que durou apenas 18 dias e foi composta por quatro deputados estaduais da base aliada ao governador Roberto Requião (PMDB). O material foi concluído ontem, mas sua votação ficou de fora do último dia de trabalho da Assembléia Legislativa.

"Trabalhamos em cima de documentos e testemunhos. Concluímos que não há provas de que o governo fez grampo", disse o relator da comissão, Jocelito Canto (PTB). Ele escreveu o documento na madrugada de quinta-feira para ontem, logo após participar do depoimento do policial civil Délcio Rasera. O investigador trabalhava na Casa Civil e foi preso sob acusação de chefiar uma quadrilha de escutas telefônicas ilegais.

A segunda conclusão do relatório é de que houve escutas clandestinas e que elas seriam operadas por funcionários de companhias telefônicas. Mas não há uma denúncia específica, nem algo que colabore com uma investigação do Ministério Público. Como sugestões, a CPI pede o reinício dos trabalhos de investigação em 2007, e a abertura de novas comissões para cobrar medidas das companhias telefônicas. Além disso, solicita investigações sobre possíveis irregularidades na Fundação Copel e no espaço paraguaio no Porto de Paranaguá. Esses dois temas já foram tratados pela PIC.

Instalada com protestos da oposição, que abandonou os três postos que dispunha para participar da investigação, a CPI teve um final melancólico. Como o relatório não foi votado ontem, deve ficar engavetado, porque as sessões na assembléia só serão retomadas em fevereiro, quando começa um novo mandato. Até lá, o próprio Jocelito Canto pode estar fora da casa, já que seus direitos políticos estão prestes a ser cassados pelo Supremo Tribunal Federal.

Descontente

"Fiz a minha parte, escrevi tudo o que tinha", afirmou Canto, que a partir da próxima semana luta para não perder sua reeleição. Anteontem, minutos antes do depoimento de Rasera, ele admitiu que não gostaria de ter participado da comissão. "Só estou aqui porque fui designado", desabafou. O presidente da CPI, Antônio Anibelli (PMDB), também nunca escondeu o descontentamento com sua "escalação".

A apatia também ficou clara na participação dos outros dois membros, Natálio Stica (PT) e Duilio Genari (PP). O petista faltou ao depoimento de Rasera, marcado inicialmente para a última segunda-feira. A ausência fez com que o depoimento fosse adiado, por falta de quórum. Stica pediu dispensa porque tinha uma consulta médica no mesmo horário, mas sabia do compromisso com cinco dias de antecedência.

Já Genari fez apenas uma pergunta durante os três depoimentos, que juntos somaram quase cinco horas. Quis saber do procurador Dartagnan Cadilhe Abilhoa se a Promotoria de Investigação Criminal (PIC) foi a responsável pela prisão de Rasera. Um dia antes, o coordenador da PIC, Paulo Kessler, havia prestado depoimento apenas porque a promotoria estava a cargo do caso, que tinha o policial como personagem central. A gafe só foi superada por outra de Anibelli, que queria saber se o juiz que cuidava do processo contra o investigador, Gaspar Luiz de Mattos Araújo, era o mesmo que estaria envolvido em denúncias de orgias com adolescentes em Campo Largo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]