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Os sem-terra continuam nesta terça-feira - dia em que o massacre de Eldorado de Carajás completa 11 anos - a série de ocupações e protestos do "Abril Vermelho". No Paraná, os manifestantes assumiram o controle de diversas praças de pedágio. Em Pernambuco, atearam fogo em canaviais e ocuparam engenhos. Em Brasília, protestam na garagem da sede do Incra, desocupada na véspera. No Rio, fecharam a rodovia Presidente Dutra, uma das principais vias de acesso ao estado.

Cerca de 3 mil integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam, na manhã desta terça-feira, 17 praças de pedágio, no Paraná. Os manifestantes assumiram o controle das cabines de segurança e de cobrança e abriram as cancelas. Os motoristas passam sem pagar pedágio. A associação das concessionárias informou que vai recorrer à Justiça para retomar o controle das praças.

O MST exige o assentamento das 8 mil famílias acampadas no estado e denuncia os efeitos da cobrança nas estradas para os assentados, como o encarecimento dos produtos agrícolas, que prejudicam os produtores no campo e os consumidores nas cidades.

Em Pernambuco, mais de 200 integrantes do MST ocuparam o Engenho Cachoeiro Dantas, no município de Água Preta - a 130 quilômetros de Recife. Os manifestantes cortaram as cercas e instalaram as barracas. Em outra ação, cerca de 400 famílias atearam fogo aos canaviais que pertencem à Usina Vitória. Segundo o coordenador regional do MST, no lugar da cana serão plantados milho e feijão, simbolizando o início da produção de alimentos para os sem-terra. Ele explica que a Jornada de Luta pela Reforma Agrária está questionando o agronegócio e a implantação de monoculturas, como eucalitpo e cana.

Em Brasília, centenas de sem terra, que desocuparam nesta segunda-feira a sede do Incra , continuam protestando no local. Os manifestantes estão na garagem do prédio. (Veja fotos dos protestos em Brasília)

No Rio, cerca de 100 integrantes do MST fecharam por uma hora as pistas da Rodovia Presidente Dutra, que liga o estado a São Paulo. Os manifestantes queimaram pneus e espalharam cruzes na estrada para lembrar a morte dos 19 sem-terra em confronto com a Polícia Militar do Pará, há 11 anos. Os manifestantes, que ocupam as fazendas as Cesbra e Aymorés, em Piraí, também reclamam do Incra, que até agora não promoveu a divisão dos lotes onde os trabalhadores foram assentados.

- Já se passaram onze anos e nenhum dos acusados foi condenado. Trancamos a Dutra para relembrar a data e cobrar reforma agrária. Conversamos com os motoristas para conscientizar sobre essa questão - contou Luciana Miranda, representante do MST.

Na Bahia, cerca de 600 trabalhadores rurais ligados a vários movimentos de luta pela terra e contra a transposição das águas do Rio São Francisco estão ocupando o prédio da II Superintendência Regional da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco, em Bom Jesus da Lapa. No prédio, também funciona o escritório regional do Ibama.

No Rio Grande do Sul, cerca de 800 integrantes do MST - entre eles, 150 crianças - percorrem 14 quilômetros entre dois acampamentos do movimento, em Porto Alegre. Esses pontos ficam ao longo da Fazenda Coqueiros, ocupada pelo MST na semana passada, pela oitava vez em três anos. Não há reforço policial. Apenas um carro da polícia acompanha a movimentação.MST ocupa área do Exército em Santa Catarina

Em Santa Catarina, cerca de 600 militantes do MST invadiram no domingo uma área de 10.500 hectares do Exército em Três Barras e Papanduva, no norte do estado. Os sem-terra montaram barracas na área, onde o Exército faz operações militares e foram retirados do local por soldados fortemente armados. Os militares ameaçaram passar por cima dos manifestantes com blindados.

Para evitar um conflito, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), líder do PT no Senado, ligou para o ministro da Defesa, Waldir Pires, pedindo que as tropas não avançassem. O MST recuou e deixou a área à tarde, mas os sem-terra ameaçam fazer uma nova invasão. Eles dizem suspeitar que a área vem sendo arrendada ilegalmente para fazendeiros plantarem soja e afirmam que a maior parte das terras do Exército seria improdutiva. O Exército não se pronunciou oficialmente.

Pastoral da Terra: Número de conflitos por terra diminuiu

O protesto aconteceu no mesmo dia em que a Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou relatório mostrando que o número de conflitos por terra, de ocupações e de acampamentos em todo o país diminuiu 7,82% no ano passado, em comparação a 2005. Já o número de mortes aumentou no mesmo período. Também nesta segunda-feira, indígenas deram prosseguimento a uma jornada de protestos e um índio foi morto num conflito no Maranhão.

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