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Depois de passar 90 dias em licença prêmio, o ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia voltou à Casa nesta quarta-feira (23) para acertar detalhes da sua nova função como funcionário do Instituto Legislativo Brasileiro (ILB).

Depois de conversar com o diretor do instituto, Carlos Stucker, Ele afirmou à imprensa que estava retornando ao trabalho com tranquilidade. Durante os 14 anos que ocupou um dos cargos mais poderosos do Senado, Agaciel disse ter se preparado para voltar ao cargo de analista legislativo. "Sempre me coloquei do outro lado da mesa, fui servidor antes e sabia que iria ser servidor depois. Sempre fui preparado para voltar à planície", afirmou.

Afirmando que aprendeu a viver o dia-a-dia, Agaciel não faz planos de assumir novos cargos de comando na Casa e também preferiu não comentar a possível candidatura a deputado federal pelo Rio Grande do Norte. O ex-diretor-geral disse que "voltava ao trabalho como um servidor normal".

Lotado no ILB, ele deve atuar no desenvolvimento de um livro-biografia do Senado, que vai reunir os senadores que já passaram pela Casa. "Já tinha acertado que iria fazer o dicionário biográfico do Senado. Já passaram pela Casa 1.826 senadores, de 1926 até agora. Então eu vou reunir todos esse parlamentares nessa pesquisa", disse Agaciel.

O ex-diretor-geral chegou ao ILB já no final da tarde desta quarta. E estranhou quando foi perguntado sobre o horário. "Vou completar 33 anos de Senado e nunca peguei um atestado médico. Não iria me ausentar do trabalho agora", disse Agaciel.

Ao comentar os motivos que teriam causado a sua saída da Diretoria Geral, Agaciel disse ter começado a sofrer pressões a partir da crise que quase provocou a cassação do então presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). Na avaliação dele, a Casa teria saido dividida do episódio e dessa "disputa política" teria começado a surgir as pressões que o levaram a deixar o cargo. "Antes disso, alguns senadores gostavam de mim, mas a partir daí comecei a me desgastar e fui tragado por uma briga política que ocorreu dentro da Casa". avaliou.

Ao falar de Renan, Agaciel definiu o líder do PMDB como um "grande articulador", mas preferiu não identificar responsáveis por sua queda do comando da Diretoria Geral.

Sobre o episódio envolvendo gravações da Polícia Federal em que o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), dizia ter conversado com Agaciel para acertar a nomeação de um namorado de sua neta, o ex-diretor-geral esquivou-se dizendo que não lembrava de ter recebido ligações de Sarney. Agaciel também disse que Sarney nunca pediu favores.

Com relação ao escândalo dos atos secretos, Agaciel afirmou que não tinha responsabilidade pela publicação das medidas e negou que tenha utilizado o cargo para adotar algum procedimento ilegal: "Nunca recebi ordens ilegais, nem dei ordens ilegais."

Sobre a denúncia de que ele mantinha uma sala secreta para encontros amorosos, Agaciel tentaram armar uma "sacanagem" contra ele. "Aquilo foi bem nojento. Eu tinha uma sala de retroprojeção. Aí, três meses depois da minha saída, depois que dois diretores já tinham passado pelo cargo, vem essa história. Isso foi uma sacanagem que tentaram armar para mim", argumentou.

Ao falar da mansão de cerca de R$ 4 milhões não informada em sua declaração de bens à Receita Federal, Agaciel foi direto: "Caí por causa da Casa."

Acusações

Inicialmente, Agaciel foi acusado de ter ocultado de sua declaração de bens uma mansão de R$ 5 milhões em Brasília e acabou pedindo demissão no cargo. Em seguida, iniciou-se uma série de acusações em relação à sua gestão de utilização de atos secretos para autorização de exonerações, nomeações e mudanças de cargo.

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