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Enquanto a CPI dos Sanguessugas entra em fase decisiva - o relatório será divulgado no dia 10, anunciou nesta terça presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ) - novas frentes de investigação são abertas. O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), disse nesta terça-feira que a corregedoria investigará três senadores acusados de participação no esquema fraudulento de uso de recursos do Orçamento da União para a compra de ambulâncias com preços superfaturados : Ney Suassuna (PMDB-PB), Serys Slhessarenko (PT-MT) e Magno Malta (PL-ES).

Tuma, que também é membro da CPI dos Sanguessugas, salientou, no entanto, que a abertura de investigação contra os parlamentares não indica, neste momento, que os três já têm comprovada a participação no esquema de fraudes.

Tuma disse também que já conversou com o senador José Sarney (PMDB-AP) e que não há nenhum indício de envolvimento do ex-presidente da República com o esquema dos sanguessugas.

- Eu já conversei com o senador Sarney hoje e não há nenhum indício de crime. Era um funcionário do Amapá que estaria negociando emendas do estado. Falei com Sarney e não há nenhum indicativo de crime ou maracutaia - disse.

Segundo ele, o processo está na Mesa Diretora da Casa e deve ser oficializado até esta quarta-feira. As investigações deverão ser iniciadas com os depoimentos dos assessores dos parlamentares.

- O primeiro passo vai ser ouvir os assessores dos senadores - disse.

Um balanço parcial apresentado pela CPI mostra que no mínimo 75 dos 90 parlamentares investigados na máfia das ambulâncias devem ser encaminhados ao Conselho de Ética para abertura de processo para perda do mandato.

A maioria dos 87 deputados já notificados oficialmente pela CPI das Sanguessugas terá os registros de suas candidaturas assegurados pelos partidos a que pertencem. Em entrevista na noite desta segunda-feira ao programa "Roda Viva", da TVE, Biscaia criticou a medida. Segundo ele, a primeira forma de punição aos parlamentares envolvidos no escândalo da máfia das ambulâncias seria os partidos negarem legenda para a próxima eleição.

Segundo reportagem do jornal "O Globo" , as alegações dos dirigentes partidários para não cassar a legenda desses deputados são parecidas: as provas ainda não são conclusivas e o prazo eleitoral é exíguo. Esta quarta-feira é o último dia para a troca de candidatos a deputado federal.

Para Biscaia, a prova contra a maioria dos parlamentares é inquestionável.

- Se há emenda apresentada, o parlamentar aparece no depoimento como conhecido da quadrilha e tem algum tipo de documento que o incrimine para mim é suficiente. Depósito, por exemplo, é a certeza da impunidade. Chega a ser revoltante que um parlamentar tenha recebido em seqüência em sua própria contra-corrente do grupo Planam - afirmou em entrevista ao "Roda Viva".

O presidente da CPI disse ainda nesta terça que é contra a convocação de ex-ministros da Saúde para depor. Na sua opinião, a vinda dos ministros só serviria para tumultuar os trabalhos da comissão.

- Minha posição é contrária à convocação que revele disputa político-partidária neste momento - disse.

Biscaia informou também que terminou de ler o depoimento de Ronildo Pereira Medeiros, dono da Frontal, empresa que fornecia equipamentos para as ambulâncias, e já começou a analisar o de Darci José Vedoin. Segundo ele, os depoimentos confirmam as informações dadas à polícia por Luiz Antonio Vedoin, filho de Darci Vedoin.

Biscaia anunciou ainda que recebeu novos documentos da Polícia Federal de Cuiabá com depoimentos de acusados de participação no esquema e que espera também novos documentos da Controladoria Geral da União.

- Esses novos depoimentos da Polícia Federal e os documentos da CGU vão instruir todo o nosso arquivo eletrônico para definir rapidamente a situação de cada um desses apontados como envolvidos no esquema - afirmou Biscaia, acrescentando que a CPI adiou depoimentos e diligências para analisar documentos .

Nesta terça-feira, o deputado Júlio Redecker (PSDB-RS) aceitou o convite para a nova sub-relatoria criada pela CPI dos Sanguessugas, que investigará a participação do Executivo no esquema de venda de ambulâncias superfaturadas. A criação da nova sub-relatoria foi anunciada nesta segunda-feira, pelo relator da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO).

Redecker disse que depois da apresentação do relatório da CPI, marcada para o próximo dia 10, os trabalhos vão entrar, efetivamente, na fase de investigação do Executivo.

Segundo o vice-presidente da comissão, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), a nova sub-relatoria focará seu trabalho em quatro ministérios: Saúde; Educação; Ciência e Tecnologia; e Comunicações.

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