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O Senado inaugurou nesta sexta-feira (1) um sistema eletrônico de controle de presença. É uma tecnologia desenvolvida para fazer com que os funcionários cumpram direitinho a jornada de trabalho. Mas a novidade não tem aquela eficiência toda.

"Não sei se é tão eficiente assim, porque para os gabinetes continua do mesmo jeito, ou seja, o ponto facultativo nos gabinetes. Cabe ao parlamentar decidir se vai ter que bater ou não, né?, disse o funcionário do Senado, Mario Sergio Nicolau.

Estão livres do controle cerca de 1070 funcionários de um total de 6 mil servidores. A diretora geral, a secretária geral da Mesa Diretora, diretores e chefes, indicados políticos nos gabinetes e funcionários que trabalham nos escritórios nos estados.

O Senado não informa o nome desses funcionários, mas confirma que eles não podem trabalhar em Casa, nem se forem liberados pelos chefes. Uma funcionária que trabalha há quase 20 anos o senado, bateu o ponto nesta sexta-feira e foi embora às 8 da manhã. Seguiu para um prédio, em um bairro nobre de Brasília. Por telefone, os colegas confirmam o horário de trabalho dela.

"Geralmente de 8h às 6h, se eu ligar eu consigo falar com ela?", perguntou a reportagem.

"Isso. Isso", respondeu.

"Eu acho que ela não chegou, não está ainda aqui", disse a pessoa que atendeu a ligação.

"Mas aí é a sala dela, né?", perguntou a repórter.

"É", disse.

Durante dois meses, o Jornal Nacional acompanhou casos semelhantes. No dia 14 de fevereiro, uma servidora que trabalha no Senado desde 1982 bateu ponto antes das 8h. Um homem ficou esperando no carro. Dez minutos depois, eles foram embora. Chegaram em casa 8h12. No dia seguinte, a mesma coisa. Só mudou o carro que a levou ao trabalho..

Fontes do Senado confirmaram ao Jornal Nacional que as funcionárias flagradas bateram o ponto, apesar de não ficarem no trabalho. O presidente do Senado, José Sarney, foi informado dos flagrantes pela nossa equipe.

"Nós vamos ter de responsabilizar aqueles que permitirem fatos dessa natureza, porque isso é enquadrado como crime funcional", disse Sarney.

A polícia do Senado está investigando outro caso de irregularidade com o ponto eletrônico. Uma secretária, que não teve o nome revelado, seria encarregada de bater o ponto para 20 colegas de gabinete. Eles recebiam o salário integral mesmo sem aparecer no trabalho. O caso teria ocorrido no ano passado quando o ponto no Senado era registrado no computador, com a senha do funcionário.

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