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O senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que teria sido citado por Paulo Roberto Costa como um dos beneficiários do esquema de corrupção na Petrobras, trabalhou na estatal com alguns dos principais personagens do escândalo. Costa, ex-diretor de Abastecimento, e o ex-diretor da área internacional Nestor Cerveró foram seus subordinados na companhia. Ele também recebeu este ano doações eleitorais de empresas investigadas na Operação Lava-Jato.

A prestação de contas da campanha de Delcídio, derrotado este ano na disputa pelo governo de Mato Grosso do Sul, mostra doações de empreiteiras investigadas na Lava-Jato. A campanha dele arrecadou R$ 26,4 milhões, sendo que R$ 2,8 milhões foram doados pela construtora Andrade Gutierrez; a UTC deu R$ 2,3 milhões e a Engevix, R$ 712 mil.

Delcídio foi diretor de Gás e Energia da Petrobras entre 1999 e 2001, no segundo mandato do governo Fernando Henrique Cardoso. Sua indicação foi atribuída ao então senador Jader Barbalho (PMDB-PA). Engenheiro com experiência em estatais do setor elétrico, Delcídio ocupou interinamente o Ministério de Minas e Energia no governo Itamar Franco.

Na Petrobras, Delcídio foi responsável pela participação da empresa na construção de termelétricas, durante o racionamento no fim do governo FH. Vários desses empreendimentos terminaram em prejuízos milionários para a estatal, que o senador atribui às condições de mercado. Na Petrobras, Delcídio tinha Cerveró como seu principal auxiliar. Cerveró era gerente executivo de Energia, encarregado dos projetos das térmicas. Abaixo dele, Costa era gerente geral de Logística.

Outro integrante da equipe de Delcídio era Djalma Rodrigues, atual presidente da Petroquisa. Na época, Rodrigues era gerente geral de Distribuição de Gás Natural. O nome dele ficou célebre como afilhado político do PP, quando o ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti reivindicou para ele "a diretoria que fura poço", referindo-se à de Exploração e Produção.

Embora tenha se aproximado do PSDB enquanto esteve na Petrobras, Delcídio se filiou ao PT quando concorreu ao Senado, em 2002. Eleito, ajudou seus ex-subordinados a manter boas posições na estatal. Em 2003, Cerveró se tornou diretor da área internacional, tendo como gerente executivo Luís Carlos Moreira da Silva. Os dois estão entre os responsáveis pela compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que causou um prejuízo de US$ 659 milhões, segundo a Controladoria Geral da União (CGU).

Quando o caso de Pasadena veio à tona, Delcídio negou ser o padrinho político de Cerveró. Embora tenha feito gestões contra a substituição dele por Jorge Zelada, indicado do PMDB, na Diretoria Internacional em 2007, Delcídio diz que apenas aprovou o nome de Cerveró quando consultado. A geóloga Venina Velosa da Fonseca também desenvolveu sua trajetória na estatal a partir da equipe dirigida por Delcídio. Em 1999, ela se tornou gerente na Diretoria de Gás e Energia, onde se aproximou de Costa e se tornou sua principal auxiliar, mais tarde.

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