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Com o apoio de senadores "independentes", o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), líder do PSDB, criticou nesta quinta-feira (14) a articulação de um grupo de parlamentares para tentar promover o impeachment do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

O movimento, que tem o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) à frente, tem o objetivo de afastar o procurador do cargo por considerar que sua atuação no comando do Ministério Público é pautada por ações ilegais.

Em defesa de Gurgel, o líder do PSDB disse que sua destituição só poderia ocorrer a pedido da Presidente da República, com o aval do Senado - o que o tucano diz não haver possibilidade de prosperar.

"Duvido que a presidente Dilma Rousseff tome a iniciativa de propor a destituição do procurador-geral da República. Eu já vi coisas as mais absurdas, as mais esquisitas no campo da política, mas, sinceramente, não acredito que a presidente possa cometer tamanho desatino, tamanha loucura. Ela não fará isso", afirmou.

Aloysio Nunes disse que o movimento é político, uma vez que Gurgel foi responsável por investigar o Partido dos Trabalhadores, no caso do mensalão, e o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), na denúncia de uso de recursos de uma empreiteira para pagar pensão à filha.

"Se há algum fato que desabone a atuação do Procurador-Geral da República, deve-se dizer que ele não está acima da lei como alguns setores da política brasileira", afirmou o tucano.

Para o senador Pedro Taques (PDT-MT), "ninguém está acima da lei" na República -por isso é dever do procurador pedir investigações.

"Isso não passa de mais um instrumento de intimidação, de ameaça a membros de todo o Ministério Público do Brasil que exercem suas atribuições. Falar em impeachment, em crime de responsabilidade do procurador-geral da República, parece-me um instrumento de ameaça. Dizem que não existe mula sem cabeça. Agora, mulas com cabeça existem muitas pelo Brasil."

Collor defende publicamente o impeachment de Gurgel por considerar que o procurador atuou com "inércia" na Operação Vegas, que investigou em 2009 o grupo do empresário de jogos Carlinhos Cachoeira e flagrou conversas do ex-senador Demóstenes Torres. Gurgel, ao receber o inquérito da PF na época, optou por não dar prosseguimento às investigações.

O senador entrou com representação contra Gurgel no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). No Senado, protocolou requerimento em que pede a apuração de "ilegalidades" na Procuradoria.

Nos bastidores, Collor tem o apoio de parte dos parlamentares do PT e do PMDB - que não admitem publicamente o movimento contra o procurador.

Os petistas querem retaliar Gurgel pelas acusações do mensalão, enquanto os peemedebistas criticam o fato de ele ter oferecido denúncia contra Renan ao Supremo Tribunal Federal (STF) às vésperas da eleição que escolheu o líder do PMDB como presidente do Senado.

Para o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), o procurador pode ter cometido "erros", inclusive no processo do mensalão. Mas disse que mesmo quando há "erros" dentro dos partidos, "é importante o propósito de todos de procurar corrigir".

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