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Mesmo após apresentar um esboço de plataforma eleitoral com propostas como uma Lei de Responsabilidade Fiscal para a União, mudança na política comercial e fim do loteamento de cargos das agências reguladoras, o governador José Serra (PSDB) garantiu nesta quarta-feira (3) ainda não estar em campanha para a Presidência. Em discurso de tom oposicionista, Serra também atacou duramente a política macroeconômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusando-a de inconsistência, pedindo contenção nos gastos públicos e criticando o crescente déficit nas transações externas do País. Também pregou um Estado mais "ativo" no desenvolvimento. Apesar do discurso nacional, contudo, disse que no momento é candidato apenas a "governar bem" seu Estado.

"Tenho muita coisa para fazer lá, não estou em nenhuma corrida presidencial, aliás acho cedo, pelo menos no que se refere a mim e ao meu partido definições nessa matéria", afirmou, após proferir palestra no Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae) no Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ele evitou, porém, comentar movimentos de outros possíveis pré-candidatos em 2010. "O que as pessoas falam, enfim, elas têm o direito de falar. Eu pessoalmente não estou jogado neste momento em nenhuma disputa presidencial."

Serra disse que a Lei de Responsabilidade Fiscal é "muito boa", mas só vale para Estados e municípios. "Eu acho necessário que essa Lei de Responsabilidade Fiscal se estenda também ao governo federal", afirmou. "É essencial, porque não adianta disciplinar Estados e municípios e não disciplinar o governo federal." O governador acusou a União de aumentar excessivamente os gastos, a ponto de comprometer receitas futuras.

Em sintonia com setores da indústria brasileira, Serra pediu que o Mercosul deixe de ser uma união aduaneira - com tarifa de importação comum para produtos de nações externas à aliança - e se transforme apenas em uma área de livre comércio. Nesse modelo, os países derrubam as taxas entre si, mas mantêm cobranças diferenciadas para fora do bloco comercial. "Eu acho que a idéia do multilateralismo, quer dizer, de grandes acordos internacionais que envolvam todos os países, não está funcionando", afirmou, referindo-se ao fracasso da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), em cujo sucesso o governo Lula apostou. "Quer dizer, temos de desenvolver mais acordos bilaterais." Para ele, o Mercosul como união alfandegária está "fadado ao fracasso".

"Com uma união alfandegária, que não funciona na prática, o que temos tido de fazer é em cada negociação bilateral carregar parceiros", afirmou. "Vocês imaginem, por exemplo, a China fazendo uma união alfandegária, que significa renunciar à soberania de sua política comercial, com o Camboja, o Laos, o Vietnã etc."

O governador pediu ainda o que chamou de "reestatização daquilo que ficou do Estado brasileiro", por exemplo, das agências reguladoras. "Essas agências teriam que ser republicanas, ou seja, agências do Estado, não propriamente do governo, de partidos", afirmou.

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