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Rita Camata também está na disputa | Pedro Serápio/Gazeta do Povo
Rita Camata também está na disputa| Foto: Pedro Serápio/Gazeta do Povo
  • Michel Temer: franco favorito

O deputado federal paranaense Osmar Serraglio (PMDB) anunciou ontem que será candidato à presidência da Câmara para o biênio 2009-2010. A decisão abre uma guerra interna no partido a seis meses da eleição. Outros dois peemedebistas já declararam interesse em disputar o cargo, o paulista Michel Temer e a capixaba Rita Camata.

O PMDB tem um acordo formal com o PT desde o início da atual legislatura, no qual ambos se comprometem a fazer um revezamento no comando do Congresso Nacional. O trato é que o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), seja substituído por um petista e que o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), por um peemedebista. As eleições para as duas Casas ocorrem de dois em dois anos.

Presidente nacional da legenda, Temer costurou a negociação e despontou como uma suposta alternativa de consenso entre a base governista. A falta de discussão interna sobre a escolha do candidato foi um dos motivos para que Serraglio optasse pela candidatura. Ele enviou uma carta aos 95 deputados da legenda na qual critica "arranjos" para beneficiar o paulista. "Esperteza, quando é demais, pode engolir o dono", escreveu, parafraseando Tancredo Neves.

A revolta do paranaense aumentou com o anúncio de que a escolha do candidato do partido ocorreria em uma reunião marcada para o próximo dia 8 de outubro – cinco meses antes da eleição em plenário, na qual os 513 deputados têm direito a voto. "Se for desse jeito, tão cedo e com tudo armado, vou disputar a eleição como candidato avulso. Vamos ver o que a maioria decide", disse.

Pelo regimento da Câmara, qualquer parlamentar pode se candidatar, mesmo sem o aval do partido. Serraglio já fez isso em fevereiro de 2007, quando foi eleito primeiro-secretário – segundo cargo mais importante da mesa diretora. Ele venceu no segundo turno o nome indicado pelo PMDB, Wilson Santiago (PB).

Temer não demonstrou surpresa com a notícia da candidatura do colega, porém garantiu que tem o apoio da maioria da legenda. "Tenho apreço pelo Serraglio, mas a lista em que meu nome aparece inscrito como candidato do partido já tem 88 assinaturas", comentou. Segundo ele, a campanha não é prematura e a atitude de Serraglio só ocorreu porque quase todos os deputados peemedebistas estão decididos a apoiá-lo.

O paranaense admite que tem poucas chances de vencer Temer em uma disputa intra-partidária. Sete deputados do PMDB são do Paraná, mas nem todos ficarão do lado do conterrâneo. "É uma disputa entre currículos desiguais, o Temer é um carro da Fórmula-1 e o Serraglio é um Stock-Car", comparou Max Rosenmann.

Serraglio será o segundo candidato paranaense na história a participar do pleito. O outro foi Gustavo Fruet (PSDB), em 2007. O tucano ficou em terceiro lugar, com 98 votos – Chinaglia e Aldo Rebello (PCdoB) foram para o segundo turno.

Ambos ganharam visibilidade como relator e sub-relator da CPI dos Correios, em 2006, que desencadeou o escândalo do mensalão. "Ele terá o meu apoio. Haverá dificuldades, mas a eleição na Câmara é um processo incontrolável", afirmou Fruet.

A briga entre dois candidatos do PMDB pode provocar uma reedição da eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE), que aproveitou-se do embate entre os petistas João Paulo Cunha e Luiz Eduardo Greenhalgh em 2005. Severino assumiu e renunciou logo depois, pressionado pela denúncia de que cobrava propina do responsável pelos restaurantes da Câmara. Desta vez, quem corre por fora é Ciro Nogueira (PP-PI).

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