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Após admitir mais cedo a possibilidade de se licenciar do cargo, segundo a Globonews TV, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), voltou atrás. Em telefonema ao amigo e deputado Ciro Nogueira (PP-PI), por volta das 15h desta sexta-feira, Severino não só desmentiu a primeira versão como descartou novamente que vá renunciar.

- Ele afirmou que quer provar sua inocência e não pensa nem em renúncia nem licença - disse Nogueira, que é corregedor da Câmara.

O deputado adiantou também que Severino vai marcar, provavelmente no domingo, uma entrevista coletiva para prestar esclarecimentos. Ele antecipou a volta de Nova York para este sábado depois das denúncias do empresário Sebastião Augusto Buani, dono do restaurante Fiorella, que fica no anexo 4 da Câmara. Em Brasília, o presidente da Câmara se reúne com assessores para discutir as denúncias. Na agenda anterior, ele deixaria Nova York no sábado.

A situação de Severino se complicou na quinta-feira, depois que o empresário Sebastião Augusto Buani confirmou, com riqueza de detalhes, que pagou quase R$ 130 mil de propina ao então primeiro-secretário da Câmara em 2002 para garantir a renovação do contrato de seu restaurante.

Em entrevista, Severino disse que tem uma vida pública de 42 anos limpa, afirmou que está disposto a abrir seu sigilo bancário e repetiu várias vezes que "não assinou aquele documento", em referência ao contrato de gaveta que comprovaria o pagamento da propina.

Se Severino aceitasse o afastamento temporário, assumiria o comando da Câmara o primeiro vice-presidente, José Thomaz Nonô (PFL-BA), até que o titular pudesse retornar. Mas se Severino não tomar essa decisão, a única hipótese de sair da presidência é em caso de cassação do mandato ou renúncia. Caso uma dessas situações ocorra até o dia 30 de novembro do segundo ano do mandato (no caso, 2006), o vice Nonô assumiria para, em cinco sessões, comandar o processo de nova eleição para o cargo apenas do presidente da Câmara.

Nos corredores do Congresso, já é dada como certa a saída de Severino e os parlamentares discutem sua sucessão. Já há um movimento, inclusive, para forçá-lo a se afastar imediatamente da presidência, antes da votação no plenário da Câmara do relatório do Conselho de Ética que recomenda a cassação do mandato do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). A votação do relatório está prevista para quarta-feira. Os partidos de oposição, com apoio de alguns parlamentares governistas, prometem boicotar a sessão se Severino ainda estiver no comando da Casa por consideraram que ele não tem condição ética de presidir a sessão.

Até Ciro Nogueira, seu maior aliado e a quem Severino chama de 'meu filho', já admite que o correligionário precisa provar sua inocência para permanecer no cargo, embora considere fundamental que seja apresentada uma prova documental, como o cheque que teria sido dado a Severino para pagar parte da propina. O Palácio do Planalto, outro aliado de Severino mas que já está com problemas de sobra, não pretende interferir na crise envolvendo o Congresso.

DISCURSO NA ONU - Antes da entrevista coletiva, o presidente da Câmara fez um discurso na 2ª Conferência Mundial de Presidentes de Parlamento, no plenário da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Severino destacou a intenção do Congresso de cumprir antes mesmo de 2015 as metas do milênio, estabelecidas pela ONU em 2000, na Cúpula do Milênio. Severino foi o 12º parlamentar a discursar e deu início a seu pronunciamento expressando pesar pelas mortes provocadas pela passagem do furacão Katrina nos Estados Unidos. Em seguida, Severino protestou contra o governo americano, pela decisão de impedir a entrada no país de parlamentares de Cuba e do Irã.

Ainda nesta sexta-feira, pouco antes de seu discurso na ONU, o presidente da Câmara fez elogios à estabilidade da economia brasileira. Severino disse, em discurso a empresários americanos no Conselho das Américas, que a economia se mantém sólida mesmo durante turbulências políticas, mas criticou os juros altos. Apesar das críticas aos juros, Severino elogiou o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

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