• Carregando...

Protagonismo

Jovem diz que vida partidária ajuda a construir o país

Um dos exemplos da procura de pessoas dispostas a ingressar na vida partidária é o economista Felipe Alejandro Rojas. Aos 23 anos, ele se filiou ao PT há dois meses. Para o novo petista, que disse ter inclinações políticas desde o movimento estudantil na universidade, esse ainda é o principal instrumento de transformação e construção da sociedade.

"Embora a ideologia dos partidos esteja enfraquecida diante de toda a conjuntura atual, a política é a melhor maneira de tentar implantar mudanças sociais. Independentemente de qual seja, os partidos mobilizam a discussão na sociedade, para o bem e para o mal", afirmou Rojas.

Questionado sobre os motivos que o levaram a escolher o PT, Rojas disse que essa é a legenda que conta com maior reconhecimento das massas e da população mais carente. "É claro que o PT passa por problemas e está em meio a uma crise, mas ainda tem grande penetração nos movimentos sociais, ao contrário de outros partidos. E é nessa área que quero atuar", disse.

No entanto, Rojas afirmou que, por enquanto, não tem intenção de disputar algum cargo eletivo. "Por hora, quero só participar da questão pública." (ELG)

Falta espaço para renovação

Mesmo com a garantia dos dirigentes partidários de democratização das legendas como atrativo para conquistar novos filiados, cientistas políticos são céticos em relação à promessa. Eles afirmam ainda que os partidos deixaram de ser um conjunto de valores e ideias para se transformar em um amontoado de pessoas com interesses eleitorais. Apesar disso, de­­fendem a importância das legendas para a existência do regime de­­mocrático.

Para o cientista político da PUCPR Mário Sérgio Lepre, os partidos são dominados por uma elite que comanda ditatorialmente as legendas, sem espaço para re­­no­vação. "Falta uma estrutura mínima aos partidos, que hoje são mais atrelados aos interesses das pessoas. Nesse cenário, filiar-se é uma coisa, ter poder de decisão e participação efetiva é outra", critica.

"Muitos partidos ficam sempre com uma comissão provisória no comando e, com isso, não têm uma vida institucionalizada. Essas cúpulas partidárias comandam todo o processo, sem ouvir a maioria dos filiados", ressalta o professor de Ciência Política da UFPR Ricardo Costa de Oliveira.

Outra crítica recai na perda de identidade ideológica de cada partido, ao contrário do que ocorria décadas atrás. "Hoje, dificilmente alguém entra no partido para de fato participar. Entra, na verdade, por interesse político. Aí, qualquer partido serve", afirma Lepre.

No entanto, na avaliação do doutor em Direito Constitucional e professor da Fundação de Es­­tudos Socais do Paraná Carlos Luiz Strapazzon, essa perda de identidade é reflexo da sociedade contemporânea, que já não é dividida em ideologias bem definidas. "A sociedade está cada vez me­­nos ideologizada, fazendo com que raríssimos partidos te­­nham grupos mais bem definidos", justifica. "A tendência nos regimes capitalistas e democráticos do mundo todo é haver uma sociedade com posições ideológicas afinadas mais com noções de liberdades e direitos fundamentais, como a igualdade."

Democracia

Strapazzon defende que, apesar dos problemas que carregam, os partidos são instituições fundamentais para o sistema democrático. "Os partidos forçam a ação coletiva e garantem uma institucionalidade mínima, que é importantíssima para a existência dos regimes democráticos", argumenta.

Por fim, ele ressalta que é preciso separar o sistema partidário do eleitoral. Segundo ele, o sistema eleitoral de hoje desestimula o ingresso nos partidos, mas isso não significa o distanciamento das pessoas da vida pública. "A sociedade está se politizando, mas não está se partidarizando. São coisas diferentes. Por isso, também precisamos estimular a filiação partidária, com, por exemplo, a reserva de cota para mulheres nas eleições." (ELG)

Perto do prazo final para que aqueles que pretendem disputar as eleições do ano que vem se filiem a algum partido político – o dia 7 de outubro, daqui a três semanas –, as legendas têm recebido grande procura de novos filiados. Ao menos é o que garantem dirigentes partidários do estado. Mesmo em meio a sucessivas denúncias de corrupção no mundo político e à crise de identidade pela qual passam os partidos, as legendas dizem que têm conseguido atrair novos quadros para a vida pública. Partidos garantem que os "novatos" terão participação efetiva e igualitária nas decisões internas – o que, quase que via de regra, não ocorre hoje.

Nos últimos nove anos, o número de eleitores filiados a partidos políticos cresceu 24,7% no Brasil. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), eram 11,13 milhões em outubro de 2002, que passaram para 13,88 milhões em agosto deste ano.

A tendência é que os números continuem crescendo, uma vez que a filiação partidária no país é obrigatória para quem quer concorrer a um cargo eletivo. Nos últimos meses, o Congresso chegou a debater a possibilidade de candidaturas avulsas – participar da disputa eleitoral sem filiação partidária –, mas a proposta foi rejeitada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

Procura elevada

Presidente do recém-criado PSD no Paraná, o deputado federal Eduardo Sciarra afirma que muitas pessoas ainda percebem que há um espaço enorme a ser ocupado na vida pública do país. Ele ressalta ainda que o PSD, que está prestes a se tornar o 28.° partido com registro no TSE, tem conquistado uma quantidade "impressionante" de filiados com o atrativo de iniciar uma legenda do zero. "Há muitos partidos, mas poucos que se organizam de forma que todos participem das decisões. Precisamos fugir do caciquismo partidário, do partido com dono", defende. "Hoje, os partidos são feudos controlados por poucos. Faremos prévias em nossas escolhas de candidatos, para que todos tenham poder igual de decidir."

O discurso de Sciarra é praticamente o mesmo adotado pelo deputado federal Ratinho Jr., presidente estadual do PSC. Segundo ele, além da garantia de que não há caciques no partido, os novos filiados contam com a certeza de que todos terão espaço nas eleições municipais do ano que vem. "Onde for possível, teremos candidatura própria a prefeito, o que motiva que haja mais candidatos a vereador na chapa. Se não houver candidatura própria, teremos chapa pura a vereador, para que eles não sirvam de escada para outros partidos", defende.

Outra estratégia usada pelo PSC estadual na caça a filiados é mostrar o crescimento da legenda nos últimos anos. "De 2007 para cá, saímos de 30 para mais de 360 municípios no estado. Pulamos de nenhum deputado para três estaduais e quatro federais", comemora.

Também com o discurso de que o partido tem decisões democráticas, o presidente do PT no Paraná, deputado estadual Enio Verri, revela que tem conquistado filiados descontentes com a legenda em que estão atualmente. "Temos recebido muita demanda, inclusive de quem tem mandato e corre o risco de perdê-lo. A procura tem sido acima do esperado", afirma.

Serviço

Veja a lista dos partidos políticos no estado e orientações sobre filiação partidária no site do Tribunal Regional Eleitoral – www.tre-pr.gov.br. Basta clicar em "partidos políticos" no menu à esquerda.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]