Campanha é campanha, governo é governo. A máxima usada há anos na política brasileira está sendo convalidada pelo governo da presidente Dilma Rousseff. Não bastasse a dificuldade de cumprir as promessas feitas em 2010, o governo da presidente hoje nem sequer reconhece como promessas alguns pontos de seu plano de governo apresentado na campanha.
A página oficial da Presidência da República na internet contém uma seção específica com as "Diretrizes de Governo" da presidente. Trata-se de uma versão ligeiramente resumida e editada do documento "Os 13 compromissos programáticos de Dilma Rousseff para debate na sociedade brasileira", apresentado na campanha de 2010. O problema é que há alterações sensíveis na abordagem de temas nos quais a ação do governo acabou não sendo a esperada, como expansão do crescimento econômico e política energética.
O exemplo mais claro é o das sentenças que, durante a campanha, prometiam pujante crescimento econômico no governo Dilma. O texto original, divulgado na campanha de 2010, prometia dar "continuidade e profundidade a políticas que mantenham e expandam os níveis de crescimento". Editado, ele se transformou em uma diretriz que cita "os níveis de crescimento alcançados".
Outro trecho do plano de governo que sumiu na versão atual dizia respeito à política energética. Em seu texto de 2010, a então candidata assegurava: "A política energética se antecipará às demandas de um país que vive e cada vez mais viverá um longo período de crescimento acelerado". Embora moderado, o Brasil vive hoje um risco real de enfrentar racionamento de energia o que demonstra incapacidade de se antecipar aos desafios.
Segundo o Planalto, o "resumo" foi posto no site da Presidência em julho de 2011 e não sofreu qualquer alteração desde então. A Presidência ainda alega que "eventuais mudanças semânticas" não teriam "alterado o conteúdo das diretrizes". O Planalto ainda informa que o texto "não é um programa de governo, assim como não se tratava o documento original divulgado na campanha, que não pretendia abarcar toda a temática de uma gestão, mas um grupo selecionado de prioridades".
-
Governo quer cobrar “imposto do pecado” sobre carro, refrigerante, petróleo e minério
-
Profissionais liberais de 18 áreas terão direito a alíquota reduzida em novos impostos
-
Proposta do governo para simplificar impostos tem 499 artigos; confira a íntegra
-
Deputados denunciam Alexandre de Moraes e pedem transparência em processos
Deixe sua opinião