
Hackers voltaram ontem a fazer um pesado ataque virtual a sites governamentais do Brasil. Saíram do ar as páginas na internet da Presidência da República, do Ministério dos Esportes e do Senado até a noite, apenas o site do ministério ainda não estava acessível. Ciberativistas também reivindicaram a derrubada dos portais de 500 de prefeituras do país. E até mesmo supostos dados pessoais de autoridades como os da presidente Dilma Rousseff e os do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab foram colocados na internet para que qualquer um pudesse acessá-los.
Segundo fontes do governo, porém, o número de documentos pessoais da presidente Dilma Rousseff que estão circulando na internet não foram obtidos nos sites oficiais. Podem ser conseguidos em cartórios eleitorais, tribunais eleitorais e em vários documentos que podem ser baixados da internet, como prestação de contas eleitorais e outros relatórios. Já Kassab ameaçou processar os responsáveis pelo vazamento de dados: "Posso entrar na Justiça não por causa do sigilo, mas para que essas pessoas saibam que terão que responder perante os tribunais".
A onda de ataques virtuais começou anteontem, quando um grupo de hackers intitulado LulzSecBrazil elegeu o governo brasileiro como alvo e tirou do ar os sites da Presidência, da Receita Federal e do Portal Brasil.
O Serpro (Serviço de Processamento de Dados), que hospeda os sites do governo federal, classificou o ataque on-line como o maior já enfrentado pelo governo brasileiro. Apesar disso, segundo o Serpro, não houve violação nem vazamento de informações.
Um dos grupos responsáveis pelos ataques convocou seus seguidores no Twitter a também atacar a Petrobras, para protestar contra o preço do combustível. O site da estatal ficou fora do ar na tarde de quarta-feira, mas a empresa atribuiu o evento à "instabilidade" na sua rede.
O grupo LulzSec Brazil também publicou em uma rede social outros dois arquivos relacionados a supostos e-mails e dados de funcionários da Petrobras e do Ministério do Esporte.
Já sobre o ataque ao Senado, o grupo informou que era um protesto contra o órgão que "quer aprovar o sigilo eterno dos arquivos do governo" numa alusão ao projeto de lei de acesso a informações, cuja principal discussão no momento é o prazo para a divulgação de documentos ultrassecretos.
Segundo o Serpro, a onda de ataques de ontem e anteontem foi a terceiro sofrida pelo governo brasileiro na internet neste ano. Os anteriores visaram ao site da Presidência, no início de janeiro, e ao site do Exército, no sábado. Os anteriores foram assumidos por outro grupo de hackers, FatalErrorCrew que ontem reinvindicou a derrubada de sites de prefeituras. O Exército começou a implantar neste ano o CDCiber (Centro de Defesa Cibernética) para proteger as redes que interessem à segurança nacional.
Rede on-line
O grupo LulzSecBrazil atua como uma célula do LulzSec, grupo que na semana passada atacou o site da CIA, a agência de espionagem americana. Os ativistas do LulzSecBrazil atuaram junto a um grupo chamado AnonBrazil, associado ao Anonymous organização de hackers à qual é atribuído um ataque que há duas semanas derrubou o site do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Além da CIA e do FMI, também foram atingidos neste mês os sites do Departamento de Comércio dos EUA e de empresas como a Lockheed Martin, fornecedora de armamentos. O LulzSec, há dois meses, também invadiu a rede on-line do videogame PlayStation, da Sony, e promoveu o vazamento dos dados de milhões de usuários. O game, de alcance global, passou dias fora do ar.
O movimento de invasões dos hackers em todo o planeta foi intitulado Operação AntiSec, pela qual eles dizem agir "contra a censura" e com o objetivo de retaliar governos que tentam impor controles à internet.
Interatividade
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