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Os avanços por que a Assembleia Legislativa do Paraná vem passando são fruto de um reconhecimento, por parte da classe política do estado, de que a situação anterior era insustentável. Essa é a opinião do cientista político Emerson Cervi, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Para ele, embora sejam importantes, as mudanças feitas pela nova administração não são transformações de grande porte. "São adequações, e não transformações. As mudanças não estão sendo promovidas por um grupo externo: é o mesmo grupo que está no poder", comenta.

De acordo com Cervi, o que existiu foi "uma autocrítica do grupo, que percebeu que a situação estava insustentável". "O Legislativo paranaense está evoluindo por estar em um estado precário demais para se sustentar. Apenas começamos a desprivatizar o Legislativo estadual, que está em um estágio arcaico", comenta. Para ele, a pressão popular foi importante, mas não suficiente para gerar mudanças. "Ela, por si só, não resultaria nessas mudanças. Além dessa condição necessária, houve um reconhecimento da elite política de que a forma como as coisas estavam se dando não se sustentava mais".

Cientista político da PUCPR, Mário Sérgio Lepre afirma que o que aconteceu no Paraná faz parte de um cenário nacional mais amplo. "A sociedade brasileira não está mais tolerando uma política corporativista, patrimonialista e fisiológica, como é típico no país", comenta.

"Ninguém mais aguentava aquela Assembleia hermeticamente fechada. Aquilo não pode existir. Pelo menos na cabeça da Mesa Executiva, há hoje a percepção de que é preciso abrir a Assembleia", comenta Lepre. De acordo com ele, a forte pressão popular forçou com que os parlamentares rediscutissem o funcionamento da Casa, sob risco de perderem seus mandatos para esse novo eleitor que, mesmo que ainda não seja a maioria, torna-se cada vez mais importante na sociedade.

Embora o processo de modificação não seja completo, porém, alguns avanços mostram que a nova direção realmente foi levada a tomar medidas que mudaram o rumo da Assembleia. Desde o ano passado, a Assembleia tentou mudar alguns de seus piores hábitos. O ritmo das mudanças ficou mais forte depois do início da nova legislatura. O deputado Valdir Rossoni (PSDB) assumiu a presidência da Casa com um discurso de moralizar o Legislativo. Os avanços obtidos puderam ser medidos quando a Assembleia, devido à contenção de gastos, devolveu R$ 10 milhões aos cofres públicos após três meses de exercício.

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