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Ao comentar pela primeira vez o reajuste de 92% que os parlamentares aplicaram aos seus próprios vencimentos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Executivo não seguirá o exemplo, a começar pelo salário do presidente. Os subsídios dos parlamentares passaram de R$ 12.800 para R$ 24.500 e o do presidente, desde 2003, é de R$ 8.900. Para reajustar seu salário, o presidente tem que pedir autorização ao Congresso.

Perguntado ainda se aumentará o seu próprio salário, o presidente disse que não é ele que reajusta seus vencimentos:

- Eu não aumento o meu salário.

Lula disse que não vai "jogar fora" a estabilidade econômica conquistada nos últimos quatro anos e que, para crescer, é preciso justamente conter gastos para se ter mais dinheiro para investimentos.

- Não vai ter efeito cascata - disse Lula ao ser abordado por jornalistas depois de um almoço com os oficiais-generais das Forças Armadas, no Clube do Exército. - Pode ficar tranqüilo, porque não vou abrir mão da responsabilidade de manter uma política fiscal condizente com o desejo que temos de crescimento. Não vou, em hipótese alguma, jogar fora o que construí nesses quatro anos com muito sacrifício. A estabilidade é que me permite agora pensar em crescer a economia e para crescer a economia tenho que cortar gastos. Tenho que arrumar dinheiro para fazer investimentos. Essa é a lógica que estamos estabelecendo - disse o presidente.

Sobre o comportamento do Congresso de conceder um reajuste deste montante, Lula disse que cada poder toma suas decisões e arcar com elas e procurou evitar uma crítica direta ao Legislativo.

- O Congresso decidiu uma coisa dele. Cada um toma decisões e cada um se responsabiliza pelos resultados - disse o presidente, que acrescentou: - Eu não posso dar palpite sobre um poder que decide aumentar o seu salário. Tanto o presidente Aldo (Rebelo, da Câmara), quanto o presidente Renan (Calheiros, do Senado) disseram que vão tirar o dinheiro do próprio orçamento deles - prosseguiu, lembrando que o ministro da Fazenda Guido Mantega já havia dito que não haverá suplementação de recursos para o Congresso.

Questionado se o Brasil tem condições de comportar esse aumento, Lula falou que Aldo e Renan deveriam saber:

- O país comporta se estiver crescendo a economia, se o país estiver rico. Como os dois presidentes conhecem seu orçamento, eles sabem se dá ou não para dar.

Lula defendeu a fixação de um teto único para o setor público no país como forma de acabar com aumentos isolados.

- Acho que temos que implantar uma lei estabelecendo um teto neste país, mas não posso dar palpite - afirmou.

A Constituição estabelece que o teto de vencimentos dos três poderes deve ser fixado em lei conjunta proposta pelos presidentes da República, do Supremo Tribunal Federal, da Câmara e do Senado. Este dispositivo, no entanto, nunca foi aplicado.

No mesmo evento, o presidente Lula cobrou do próprio governo mais criatividade e ousadia nas medidas para promover o crescimento e afirmou que não quer passar o segundo mandato só discutindo miséria .

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