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São Paulo tenta retomar sua vida normal nesta terça-feira, mas os sinais de que a rotina da cidade foi alterada nos últimos dias estão por toda parte. Em muitas ruas da capital, a polícia continua fazendo blitzes à procura de armas, drogas e suspeitos de terem participado dos ataques criminosos. Carros com insulfilme nos vidros têm que passar pelos bloqueios com os vidros abaixados. As bases da Polícia Militar nas ruas também estão isoladas e os policiais ficam de arma em punho.

No Metrô e nos trens da CPTM, o movimento esteve abaixo do normal de manhã. Pelo menos 500 mil pessoas não utilizaram o Metrô nesta terça-feira. Por dia, cerca de 2 milhões de pessoas usam esse meio de transporte pela manhã. Nesta terça, 1,5 milhão de passageiros passaram pelas catracas.Nos trens da CPTM houve 100 mil usuários a menos nesta manhã. Segundo a assessoria de imprensa do Metrô e da CPTM, as operações transcorreram normalmente, sem registro de ocorrências.

Os ônibus também voltaram a circularam normalmente. Todos os 24 terminais de ônibus da cidade estão abertos, com segurança policial. Apenas nos terminais Varginha e Parelheiros, ambos na zona sul, os ônibus entraram em operação com duas horas de atraso, por conta da incerteza.

Os paulistanos também deixaram para sair de casa mais tarde, com medo de novos ataques. O índice de congestionamento ficou muito abaixo da média durante toda a manhã, o que mostra que muita gente ainda ficou com receio de sair às ruas.

Apesar da suspensão do rodízio de veículos, o maior índice de lentidão, por enquanto, foi registrado entre 9h e 9h30m. Nesses horários, o congestionamento chegou a 41 quilômetros, contra uma média de 111 e 94 quilômetros, respectivamente.

Ainda há receio e tiros voltaram a ser ouvidos na madrugada, trocados entre policiais e bandidos. O crime organizado voltou a atacar na Grande São Paulo, mas em atos isolados.

Entre a noite de segunda e a madrugada desta terça, 19 suspeitos foram mortos em confronto com a polícia . Destes, 14 teriam ligações com o crime organizado e com os ataques de terror impostos à cidade de São Paulo durante três dias. No total, 52 criminosos foram mortos. Outros 98 foram presos, sete deles nesta madrugada.

O número de policiais militares e civis mortos durante os ataques chega a 43, mas nesta madrugada nenhum servidor público foi assassinado. A polícia prendeu na madrugada um suspeito de coordenar os ataques à ônibus na cidade.

A SPTrans informa que todos os ônibus deverão operar normalmente durante todo o dia. Nesta segunda-feira, a Polícia Militar chegou a informar que só circularia metade da frota, e com escolta.

Nesta segunda-feira, 56 foram incendiados pelo crime organizado apenas na cidade de São Paulo. Em todo o estado, 85 ônibus foram alvo de atentado

Na madrugada, São Paulo ficou vazia. Muitos serviços que operam 24 horas fecharam. Por volta das 22h, poucos carros circulavam nas principais avenidas. Cinemas, shoppings e até supermercados que funcionam a noite toda decidiram baixar as portas.

Universidades e escolas não tiveram aula no período noturno e os alunos da tarde foram dispensados a partir das 16h.

São Paulo parou de medo dos atentados, embalada numa onda de boatos incontrolável - de atentados em aeroportos e repartições públicas até fechamento das estações do metrô.

E o medo não foi totalmente infundado. Em seu balanço das 20h, a polícia contabilizava 184 ataques (eram 115 até meia-noite de domingo) e 81 mortos. Os feridos somam 49 .

Os paulistanos ficaram a pé, em pânico e sem celular. As linhas congestionaram.Houve boato até de toque de recolher na cidade, que a Secretaria de Segurança Pública negou.Na zona norte, um homem foi preso mandando o comércio fechar as portas.

O diretor do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic), Godofredo Bittencourt, reafirmou que não houve toque de recolher algum.

- Em São Paulo não há toque de recolher. O que existe é toque de Polícia na rua. A Polícia está na rua e nós vamos segurar tudo - afirmou Bittencourt.

Na hora do almoço, Bittencourt assegurou que a polícia tinha o controle da situação. Logo depois, lojas, shoppings, universidades, escolas públicas e fechadas começaram a fechar.

A polícia anunciou a criação de um grupo de elite, em conjunto com o Ministério Público, para rastrear os ataques. A Rota saiu às ruas nesta madrugada, com 141 viaturas de patrulhamento. Houve confrontos com bandidos.

Segundo a PM, até segunda-feira 91 pessoas foram presas e 39 bandidos foram mortos em confronto com policiais.

Além dos ataques à ônibus, os bancos também foram alvos de ataques. Foram pelo menos nove agências atacadas por bandos armados.

Nos presídios, a situação foi controlada. Em menos de quatro horas acabaram todas as mais de 40 rebeliões em andamento. Os dois últimos motins a serem encerrados foram os das cadeias públicas de Serra Negra e Cruzeiro.

O governador de São Paulo, Claudio Lembo, voltou a recusar a presença de tropas federais no estado.

E negou também que tenha sido feito um acordo com o crime organizado para por fim à rebelião nos presídios e aos ataques nas ruas da capital paulista e de cidades do interior.

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