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Judiciário

STF inicia o ano com polêmicas de 2010 para resolver

Na lista de pendências, estão o caso do italiano Cesare Battisti e a legalidade da união civil entre casais homoafetivos

Ministro Cezar Peluso, presidente do STF: recursos relacionados ao Ficha Limpa  são  prioridade para o primeiro semestre | Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
Ministro Cezar Peluso, presidente do STF: recursos relacionados ao Ficha Limpa são prioridade para o primeiro semestre (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)

Polêmicas pendentes de 2010 vão marcar a volta ao trabalho do Supremo Tribunal Federal (STF), em fevereiro. Na pauta "requentada", estão as decisões finais sobre a extradição do italiano Cesare Battisti e a validade da lei da Ficha Limpa. Outro problema que permanece, mesmo com a virada de ano e a troca de governo, é o preenchimento da vaga aberta com a aposentadoria de Eros Grau, em agosto.

O atual recesso, no entanto, tem servido para esfriar os conflitos entre os ministros. No último semestre, a corte rachou em duas votações seguidas sobre os limites da Ficha Limpa. A decisão de que a norma seria válida para as eleições de 2010 foi paliativa e seguiu a sentença da instância imediatamente inferior, no caso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"É inegável que o STF não está em um bom momento", avalia o ex-presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil e membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, Marcelo Lavenère. "Assistimos entristecidos ao nível da discussão sobre a Ficha Limpa, algo excessivamente apaixonado. A sociedade espera por mais gestos de conciliação."

Ao final das sessões de 2010, o presidente da corte, Cezar Peluso, declarou que os julgamentos dos recursos extraordinários relacionados à Ficha Limpa terão prioridade neste semestre. Ele lembrou que os ministros decidiram apenas sobre "uma alínea de um artigo da lei", referindo-se ao caso do candidato ao Senado Jader Barbalho (PMDB-PA), considerado inelegível por ter renunciado ao mandato para escapar da cassação. Na época, Peluso também citou como prioridade o julgamento da ação direta de incons­­titucionalidade (ADI) que trata da ocupação de terras por remanescentes dos quilombolas.

No início da semana que passou, durante entrevista coletiva no Rio de Janeiro, Peluso acrescentou à lista o caso Battisti e previu um desfecho no próximo mês, provavelmente em "uma única sessão". O pedido da Itália para a extradição do ex-terrorista foi negado pelo ex-presidente Lula no último dia de seu mandato. Peluso afirmou que o STF dará a palavra final sobre o tema com base na análise das razões apresentadas por Lula para permitir que o Battisti continuasse no país, dentro dos termos do tratado bilateral sobre extradições entre Brasil e Itália (leia mais sobre o caso Battisti nas páginas 20 e 21).

Antes, um acórdão do STF determinou que caberia ao presidente decidir sobre o caso, a partir das regras do tratado. Ele negou que o tribunal tenha se omitido de responsabilidade e que há chance de a decisão de Lula ser revertida. "Se o STF decidir que [a negação da extradição] não está nos termos do tratado, ele vai ter de ser extraditado."

União homossexual

Outro caso previsto para fevereiro é o julgamento de uma arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) que trata da legalidade da união civil entre homossexuais. O relator do processo, Carlos Ayres Britto, declarou nesta semana que está terminando seu voto. A ação foi proposta em 2008 pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e solicita ao STF a extensão dos direitos jurídicos das uniões estáveis às uniões homoafetivas para funcionários públicos civis do estado.

"É uma decisão importantíssima para a unificação das decisões da Justiça", diz o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bisse­­xuais,Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis. A entidade integra o processo como "amiga da corte" da procuradoria do Rio de Janeiro. Várias instâncias judiciais inferiores já validaram a união homoafetiva, o que permite, entre outras coisas, direito à herança e pensão.

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