STJ suspende pedido de prisão de Pimenta Neves

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O Superior Tribunal de Justiça suspendeu o pedido de prisão do jornalista Antonio Marcos Pimenta Neves, réu confesso do assassinato de sua ex-namorada e também jornalista Sandra Gomide, em agosto de 2000. A prisão de Pimenta Neves foi pedida na quarta-feira, pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ), que negou o pedido da defesa do jornalista de anulação do julgamento que o condenou a 19 anos de prisão. Os desembargadores do TJ, no entanto, haviam concedido a redução da pena para 18 anos.

Apesar de condenado por um júri popular, Pimenta Neves permaneceu solto depois do julgamento porque tinha uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe garantia o direito de recorrer da sentença em liberdade. Desde que o pedido de prisão foi emitido, na quarta-feira, Pimenta Neves era considerado foragido.

Sua foto chegou a constar da lista dos mais procurados pela Polícia Civil, junto com de outros 56 fugitivos. Durante os dias em que era procurado, o jornalista ficou escondido por um período na casa de parentes, em Batatais.

A advogada dele, Ilana Müller, estava em Brasília desde quarta protocolando uma petição atrás de outra na tentativa de impedir a prisão de Pimenta. Na quinta-feira, a ministra Maria Thereza Moura, responsável pela análise do caso, havia solicitado ao Tribunal de Justiça explicações sobre o motivo que levou os desembargadores a mandar prender o jornalista. Ilana protocolou uma petição com o acórdão do STF favorável a Pimenta. No entendimento dos ministros, ele tem o direito de aguardar em liberdade o julgamento do recurso contra a sentença de primeira instância até se esgotarem todas as possibilidades de reverter a sua condenação. Aliás, esse precedente já havia impedido que o juiz que condenou o jornalista a 19 anos, dois meses e 12 dias determinasse que Pimenta saísse preso do Tribunal do Júri de Ibiúna, no interior paulista, onde o crime ocorreu.

Os advogados do jornalista tentaram uma rendição negociada de seu cliente. Eles queriam negociar com o Tribunal de Justiça um local e hora definidos para que o jornalista se entregasse. A rendição seria feita longe da imprensa. O Tribunal de Justiça negou o pedido. Os advogados então afirmaram que ele só se entregaria caso tivesse o pedido de liberdade negado pelo STJ.

A residência de Pimenta Neves, na Chácara Santo Antonio, zona sul de São Paulo, está fechada. Vizinhos do jornalista disseram que ele foi visto na casa dele pela última vez no dia 7 de dezembro. O advogado afirmou que quer resguardar a integridade de seu cliente porque, durante o julgamento no Fórum de Ibiúna, ele e seu cliente quase foram agredidos pela população.

Sandra foi morta em um haras em Ibiúna, a 73 quilômetros de São Paulo. Pimenta Neves ficou preso por sete meses e depois conseguiu na Justiça o direito de aguardar o julgamento em casa.

O namoro de quatro anos de Pimenta Neves, que era diretor de redação de 'O Estado de S.Paulo', e Sandra Gomide, editora de Economia no mesmo jornal, terminou de forma trágica na tarde de um domingo, no Haras Setti, em Ibiúna. Transtornado com o rompimento do relacionamento e com a notícia de que ela estava apaixonada por outra pessoa, Pimenta Neves matou Sandra com dois tiros, um nas costas e outro na cabeça. Não houve chance de defesa.

Pimenta ainda tentou a reconciliação, mas Sandra estava decidida a romper. Ele então passou a persegui-la. Demitiu Sandra do jornal e ligou a vários amigos para que não lhe dessem emprego. A relação, que até então havia sido classificada de carinhosa por amigos, transformou-se em agressiva.

Na manhã do crime, Pimenta visitou os pais de Sandra e seguiu para o Haras. Ele tinha certeza que Sandra estaria lá à tarde. Chegou em seu carro, viu a ex-namorada e correu atrás dela. Disparou pelas costas e depois deu outro tiro acima do ouvido esquerdo, à queima-roupa. Deixou o corpo de Sandra estendido no chão, manobrou seu carro e saiu. Da estrada, ligou várias vezes para o jornal. Contou o que tinha feito e queria saber se a jornalista havia morrido. No mesmo dia, confessou o crime a seu advogado, Antonio Cláudio Mariz.