Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Empresa

Subsidiária da Delta vai brigar na Justiça por contratos públicos

Técnica Construções quer ser contratada pelo governo do Estado de São Paulo nas duas concorrências em que apresentou menor preço, e que se encontram em fase de avaliação

A Técnica Construções, subsidiária da Delta, do empresário Fernando Cavendish, irá recorrer até a última instância para ser contratada pelo governo do Estado de São Paulo nas duas concorrências em que apresentou menor preço, e que se encontram em fase de avaliação.

O diretor-executivo da Delta Dionísio Janoni Tolomei, afirmou à reportagem que irá à Justiça se a Técnica for desclassificada. Ele diz que não recebeu nenhum comunicado oficial sobre a desqualificação da empresa, após questionamentos de seus concorrentes sobre a legitimidade da sua participação.

Segundo ele, no Brasil não é possível uma construtora sobreviver apenas com concorrências no setor privado, principalmente quando a economia está estagnada.

"A empresa nasceu de uma decisão judicial para gerar receita para pagar os credores da Delta. Não tem nenhuma irregularidade nisso, vamos brigar até a última instância", afirmou. "O objetivo é manter empregos e pagar fornecedores", explicou.

Da mesma maneira, Tolomei dá como certa a contratação pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) em uma licitação de R$ 4 milhões para rodovias no Pará e no Piauí, da qual foi eliminada por determinação da CGU (Controladoria Geral da União).

"Não tivemos nenhuma posição oficial sobre isso (desqualificação). Ficamos em segundo e a primeira não apresentou documentos, e por isso nos chamaram", informou.

A Delta está desde junho de 2012 impedida de assinar contratos com o governo, situação que acaba em junho de 2014. Fernando Cavendish continua como maior acionista da companhia, com 84% das ações, mas, segundo Tolomei, não recebe mais nenhum dividendo por conta da recuperação judicial da Delta.

A Delta precisa executar ainda contratos antigos junto ao governo da ordem de R$ 1 bilhão. Dos 28 mil funcionários da empresa de Cavendish restam apenas 5.000, que deverão ser absorvidos pela Técnica, segundo Tolomei. "A criação dessa empresa é justamente dar continuidade aos empregos", disse.

Hoje, a Técnica tem 19 funcionários. Se nada der certo, ou seja, se a participação da Técnica em obras públicas for vetada, Tolomei prevê que a tendência será encontrar alternativas, como vender a empresa (Delta) em leilão coordenado pela Justiça.

Histórico da Delta

Em 2012, a CGU (Controladoria-Geral da União) concluiu que a construtora Delta é inidônea para firmar contratos com a administração pública.

Um processo administrativo foi aberto em 24 de abril para apurar responsabilidades da Delta em irregularidades apontadas pela Operação Mão Dupla -realizada pela Polícia Federal, CGU e Ministério Público, em 2010- na execução de contratos para realização de obras rodoviárias do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).

Tanto o relatório final da CPAF (Comissão de Processo Administrativo de Fornecedores) como o parecer da assessoria jurídica da CGU concluem que a Delta "violou princípio basilar da moralidade administrativa ao conceder vantagens injustificadas -propinas- a servidores do Dnit no Ceará".

Em sua defesa, a empresa tentou justificar os pagamentos dos benefícios, alegando que eles decorriam de cláusula contratual pela qual a Delta custearia a utilização de um veículo para a fiscalização dos contratos, pelo Dnit.

A empresa teve um de seus diretores ligados ao empresário do jogo Carlos Cachoeira, alvo de operações da Polícia Federal e de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, no Congresso.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.