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Polícia Federal concedeu entrevista coletiva na manhã desta terça-feira sobre nova fase da Lava Jato | Aniele Nascimento/
Polícia Federal concedeu entrevista coletiva na manhã desta terça-feira sobre nova fase da Lava Jato| Foto: Aniele Nascimento/

Sucessor de Pedro Barusco como gerente executivo da Área de Engenharia e Serviços da Petrobras entre março de 2011 e maio de 2012, Roberto Gonçalves teria recebido mais de US$ 5 milhões em contas na Suíça entre 2010 e 2014. Ele foi preso pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira (28), na 39.ª Fase da Operação Lava Jato, batizada de Operação Paralelo.

O mandado de prisão preventiva contra Roberto Gonçalves foi cumprido em Boa Vista, em Roraima, onde moram parentes do ex-gerente da Petrobras. Ele já havia sido preso na Lava Jato em novembro de 2015, mas acabou liberado naquela ocasião. No início deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) recebeu documentos encaminhados pela Suíça sobre as contas que o executivo mantinha no país europeu.

O depoimento utilizado para a prisão de Gonçalves é de Rogério Santos de Araújo, que cumpre prisão domiciliar desde abril do ano passado e é um dos executivos da Odebrecht que se tornaram delatores. Gonçalves também foi citado nas colaborações premiadas do operador Mario Goes e do executivo Ricardo pessoa, segundo o MPF.

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Segundo o procurador da República Roberson Pozzobon, quando Pedro Barusco saiu do cargo em 2012 e foi sucedido por Roberto Gonçalves, passou-se também “o bastão da propina”. “O interessante nessa etapa da Operação Lava Jato é o que restou evidenciado no sentido de uma sucessão de pessoas não apenas no cargo de gerente de engenharia da Petrobras, mas no recebimento das propinas”, disse Pozzobon. “Quando Pedro Barusco saiu da Petrobras e foi para a Sete Brasil, ele foi sucedido por Roberto Gonçalves e na sucessão do cargo também se passou o bastão da propina”, completou.

Além do ex-gerente executivo da estatal petrolífera, os alvos desta fase da Lava Jato são pessoas físicas e jurídicas ligadas à corretora de valores Advalor Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda (Advalor). Segundo as investigações da força tarefa da Lava Jato, essa corretora já havia sido utilizada para lavagem de dinheiro por outros investigados na operação e movimentou R$ 6 milhões entre 2010 e 2014. Entre os investigados que usaram a corretora para lavagem de dinheiro estão o operador Mario Goes, e os ex-executivos da Petrobras Eduardo Musa e Pedro Barusco.

Durante a apuração dos fatos foram identificadas cinco contas bancárias. Em uma delas, registrada em nome da offshore Fairbridge Finance SA e que tem Roberto Gonçalves como beneficiário final, o ex-executivo teria recebido cerca de US$ 3 milhões de offshores ligadas ao Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.

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Outra conta, registrada no nome da offshore Silverhill Group Investment Inc. e que também tem Gonçalves como beneficiário final, teria recebido, no ano de 2014, mais de US$ 1 milhão provenientes da conta em nome da offshore Drenos Corporation, vinculada a Renato Duque. Esta conta do ex-diretor da Petrobrás foi abastecida por valores oriundos da conta em nome da offshore Opdale Industries, que tem por benefíciário final Guilherme Esteves de Jesus. Ele também é acusado em uma ação penal por ter intermediado propinas em contratos da Petrobras para o Estaleiro Jurong.

Ainda de acordo com os documentos encaminhados pela Suíça, Roberto Gonçalves transferiu, em abril de 2014, parte do saldo da conta Fairbridge Finance S/A para contas na China e nas Bahamas. Para PF, essa conduta indica, “além da reiteração de crimes de lavagem de dinheiro, o propósito de impedir o bloqueio dos ativos criminosos e frustrar a aplicação da lei penal”. Apesar da transferência, a Justiça autorizou e a força tarefa da Lava jato conseguiu sequestrar mais de US$ 4 milhões em contas ligadas a Roberto Gonçalves.

Delatado

Além do depoimento de Araújo, Gonçalves também já havia sido delatado por Ricardo Pessoa, dirigente da UTC Engenharia, e Mario Goes, operador financeiro e intermediário entre os executivos e agentes públicos. Eles admitiram o pagamento de propinas ao do ex-gerente executivo da Petrobras e, segundo a PF, comprovaram documentalmente quatro depósitos de US$ 300 mil feitos no exterior, a partir de conta em nome da offshore Mayana Trading, mantida por Mario Goes.

Além disso, uma apuração interna da Petrobras imputou a Gonçalves parte das irregularidades encontradas nas licitações e contratos do Comperj, como a contratação direta em 2011 do Consórcio TUC, formado, dentre outros, pela Odebrecht e pela UTC Engenharia. Paralelamente, autoridades suíças que investigam desdobramentos do caso Lava Jato transferiram ao Brasil investigações por crimes de lavagem de dinheiro relacionadas a Roberto Gonçalves, com base em acordos de cooperação internacional.

Gonçalves deve ser transferido para Curitiba. A previsão é que o executivo chegue na Superintendência da Polícia Federal somente nesta quarta-feira (29).

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