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Sucessor de Costa diz que nunca tinha ouvido falar em desvios

Questionado na CPI da Petrobras, atual diretor da Petrobras disse não ter informações sobre suspeitas que recaem sobre a estatal

José Carlos Cozenza: depoimento de duas horas e meia | Luis Macedo/ Câmara dos Deputados
José Carlos Cozenza: depoimento de duas horas e meia (Foto: Luis Macedo/ Câmara dos Deputados)

O diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, afirmou ontem que nunca tinha ouvido falar em irregularidades dentro da companhia, antes da eclosão do escândalo envolvendo a estatal. Cosenza passou cerca de duas horas e meia prestando depoimento à CPI mista da Petrobras.

O diretor foi questionado diversas vezes se conhecia detalhes sobre temas como pagamento de propina a empresários, superfaturamento de obras e indicações políticas a cargos de alto escalão. Cosenza repetia que não tinha informações sobre essas suspeitas, pois só passou a ocupar o cargo atual em 2012.

Ele substituiu Paulo Roberto Costa, apontado pela Polícia Federal como o principal operador do esquema de corrupção na Petrobras, que teria movimentado a quantia de R$ 10 bilhões.

Explicações

Cosenza foi instado a explicar por que fora citado em uma troca de mensagens entre o deputado Luiz Argôlo (SDD-BA) e o doleiro Alberto Youssef, preso durante a Operação Lava Jato. O diretor limitou-se a dizer que nunca foi apresentado a nenhum dos nomes mencionados.

Os parlamentares quiseram saber quais medidas Cosenza adotou para coibir novas irregularidades na companhia.Também em mais de uma ocasião o diretor limitou-se a expor as investigações que estão em curso, dentro e fora da Petrobras. "Temos comissões internas de averiguação desses fatos levantados pela imprensa, e a companhia está colaborando com Ministério Público e PF. Nossa apuração interna está nos finalmentes", afirmou Cosenza.

Perguntado se havia afastado do seu departamento pessoas que trabalharam com Paulo Roberto Costa, Cosenza disse considerar "temerário" tomar atitudes antes do fim da apuração das denúncias. A oposição, mais participativa na sessão, bateu de frente com o diretor em alguns momentos, acusando Cosenza de ter caído em contradição.

No início do depoimento, o relator, deputado Marco Maia (PT-RS), perguntou se o diretor mantinha contato ou relação comercial com Paulo Roberto, após ele ter deixado a Petrobras. Cosenza dissera que não. Pouco depois, no entanto, após outro questionamento, o diretor afirmou que falou cinco vezes com seu antecessor, desde que ele saiu da companhia: três por telefone e duas pessoalmente.

Cosenza rebateu a acusação de que havia se contradito. Argumentou ter entendido que Marco Maia queria saber se ele tinha contato com Costa antes de substituí-lo na diretora. O diretor afirmou ainda que procurou Costa para tirar dúvidas sobre a função que ocuparia e que os assuntos tratados eram relativos à diretoria de Abastecimento.

Caso Vargas

Um pedido de vista adiou ontem a votação, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal, do relatório do deputado Sergio Zveiter (PSD-RJ) que mantém o pedido de cassação do parlamentar paranaense André Vargas (sem partido). A cassação havia sido aprovada pelo Conselho de Ética da Câmara. Vargas responde a processo por quebra de decoro parlamentar devido ao seu envolvimento com o doleiro preso Alberto Youssef. O caso da cassação deve voltar a ser discutido na próxima terça-feira.

Alta médica

O doleiro Alberto Youssef recebeu alta na manhã de ontem do hospital onde estava internado em Curitiba. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Federal (PF), ele deixou o Hospital Santa Cruz por volta das 8h30. Meia hora depois, Youssef já estava na carceragem da PF, no bairro Santa Cândida, onde permanece preso desde março. Youssef passou mal no sábado e foi levado da carceragem ao hospital. Momentos antes, ele teria sofrido um mal súbito e apresentado queda de pressão.

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