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José Carlos Cozenza: depoimento de duas horas e meia | Luis Macedo/ Câmara dos Deputados
José Carlos Cozenza: depoimento de duas horas e meia| Foto: Luis Macedo/ Câmara dos Deputados

Condenados entram com recurso

Cinco condenados nas duas primeiras ações penais da Operação Lava Jato que já foram julgadas questionaram judicialmente as decisões do juiz federal Sérgio Moro. A defesa do doleiro Carlos Habib Chater, acusado de envolvimento em tráfico de drogas, e dos réus Maria Dirce Penasso e Faiçal Mohamad Nacirdine, apontados como operadores no mercado negro de câmbio, entraram com apelações no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) na tentativa de rever as condenações. As defesas da doleira Nelma Kodama e de Cleverson Coelho também pretendem recorrer da condenação nos próximos dias.

Os processos devem chegar ao TRF-4 apenas nos próximos dias. Por causa disso, os advogados não informaram os argumentos que serão utilizados para questionar as decisões. Marden Maués, que defende Nelma, Maria Dirce e Faiçal, diz apenas que os clientes ficaram "inconformados" com a sentença. Roberto Bzrezinski, advogado de Chater, não quis comentar o assunto.

Kelli Kadanus e Amanda Audi

Foro privilegiado

Juiz nega acareação para esclarecer relação de Youssef com o PSDB

Amanda Audi

O juiz federal Sérgio Moro negou o pedido de acareação feito pelas defesas de Leonardo Meirelles e Alberto Youssef. Meirelles é apontado pela investigação da Operação Lava Jato como testa de ferro do doleiro. A decisão diz que o procedimento é "normalmente infrutífero" e que, no fundo, não faria diferença para o andamento do processo no âmbito da Justiça Federal. Isso porque a acareação serviria para falar sobre a ligação de políticos do PSDB com o esquema de desvio de recursos da Petrobras. Como os envolvidos têm foro privilegiado, ou seja, devem ser investigados e julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF),Moro entendeu que a citação dos políticos é "irrelevante" para a ação penal na primeira instância. "Tais fatos serão evidentemente apurados no Juízo próprio e trazidos à luz no momento em que o Juízo próprio assim decidir", escreveu. A divergência entre Youssef e Meirelles que motivou o pedido de acareação foi a identificação de tucanos "eventualmente beneficiados com o pagamento de vantagens indevidas", nas palavras de Moro. Em depoimento prestado à Justiça, Meirelles afirmou que o doleiro tinha ligação com o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, e também com outro tucano descrito como "padrinho político do passado" e "conterrâneo de Youssef", que é de Londrina. Meirelles não citou nominalmente o segundo tucano porque foi impedido por Moro durante o depoimento, que foi gravado em vídeo. A defesa do doleiro negou que Youssef tenha trabalhado para o PSDB e pediu a acareação, que foi aceita pelo advogado de Meirelles.

O diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, afirmou ontem que nunca tinha ouvido falar em irregularidades dentro da companhia, antes da eclosão do escândalo envolvendo a estatal. Cosenza passou cerca de duas horas e meia prestando depoimento à CPI mista da Petrobras.

O diretor foi questionado diversas vezes se conhecia detalhes sobre temas como pagamento de propina a empresários, superfaturamento de obras e indicações políticas a cargos de alto escalão. Cosenza repetia que não tinha informações sobre essas suspeitas, pois só passou a ocupar o cargo atual em 2012.

Ele substituiu Paulo Roberto Costa, apontado pela Polícia Federal como o principal operador do esquema de corrupção na Petrobras, que teria movimentado a quantia de R$ 10 bilhões.

Explicações

Cosenza foi instado a explicar por que fora citado em uma troca de mensagens entre o deputado Luiz Argôlo (SDD-BA) e o doleiro Alberto Youssef, preso durante a Operação Lava Jato. O diretor limitou-se a dizer que nunca foi apresentado a nenhum dos nomes mencionados.

Os parlamentares quiseram saber quais medidas Cosenza adotou para coibir novas irregularidades na companhia.Também em mais de uma ocasião o diretor limitou-se a expor as investigações que estão em curso, dentro e fora da Petrobras. "Temos comissões internas de averiguação desses fatos levantados pela imprensa, e a companhia está colaborando com Ministério Público e PF. Nossa apuração interna está nos finalmentes", afirmou Cosenza.

Perguntado se havia afastado do seu departamento pessoas que trabalharam com Paulo Roberto Costa, Cosenza disse considerar "temerário" tomar atitudes antes do fim da apuração das denúncias. A oposição, mais participativa na sessão, bateu de frente com o diretor em alguns momentos, acusando Cosenza de ter caído em contradição.

No início do depoimento, o relator, deputado Marco Maia (PT-RS), perguntou se o diretor mantinha contato ou relação comercial com Paulo Roberto, após ele ter deixado a Petrobras. Cosenza dissera que não. Pouco depois, no entanto, após outro questionamento, o diretor afirmou que falou cinco vezes com seu antecessor, desde que ele saiu da companhia: três por telefone e duas pessoalmente.

Cosenza rebateu a acusação de que havia se contradito. Argumentou ter entendido que Marco Maia queria saber se ele tinha contato com Costa antes de substituí-lo na diretora. O diretor afirmou ainda que procurou Costa para tirar dúvidas sobre a função que ocuparia e que os assuntos tratados eram relativos à diretoria de Abastecimento.

Caso Vargas

Um pedido de vista adiou ontem a votação, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal, do relatório do deputado Sergio Zveiter (PSD-RJ) que mantém o pedido de cassação do parlamentar paranaense André Vargas (sem partido). A cassação havia sido aprovada pelo Conselho de Ética da Câmara. Vargas responde a processo por quebra de decoro parlamentar devido ao seu envolvimento com o doleiro preso Alberto Youssef. O caso da cassação deve voltar a ser discutido na próxima terça-feira.

Alta médica

O doleiro Alberto Youssef recebeu alta na manhã de ontem do hospital onde estava internado em Curitiba. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Federal (PF), ele deixou o Hospital Santa Cruz por volta das 8h30. Meia hora depois, Youssef já estava na carceragem da PF, no bairro Santa Cândida, onde permanece preso desde março. Youssef passou mal no sábado e foi levado da carceragem ao hospital. Momentos antes, ele teria sofrido um mal súbito e apresentado queda de pressão.

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