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Marco Cito, ex-secretário, foi preso na prefeitura de Londrina | Gilberto Abelha/Jornal de Londrina
Marco Cito, ex-secretário, foi preso na prefeitura de Londrina| Foto: Gilberto Abelha/Jornal de Londrina

Busca e apreensão

Gaeco vasculha sala do atual secretário a procura de documentos

No meio da tarde de ontem, policiais do Gaeco deixaram a sede do grupo e foram ao prédio da prefeitura de Londrina, onde cumpriram um mandado de busca e apreensão na sala do atual secretário de Governo, ex-chefe de gabinete, Antonio Rogério Ortega. A sala de Ortega fica a três metros da sala do prefeito Barbosa Neto (PDT). Na presença de advogados da prefeitura, os policiais apreenderam um malote de documentos – mas não revelaram o conteúdo. A operação de busca e apreensão na prefeitura praticamente paralisou o expediente interno e os funcionários se aglomeravam, curiosos, em busca de informações. O secretário Rogério Ortega era esperado na própria sala, mas não apareceu.

Marco Cito nega pagamento ilegal

Em entrevista à imprensa na sede do Gaeco ontem à tarde, Marco Cito, negou ter oferecido dinheiro ao vereador Amauri Cardoso (PSDB).

Cito contou ter sido procurado por Ludovico Bonato na semana passada, indicando Amauri para conversar. Cito diz que o vereador se mostrou insatisfeito com o PSDB e disse que pensava em votar contra a abertura da Comissão Processante (CP) da Centronic. "Ele queria que eu tivesse levado algum dinheiro para ele. Eu reiterei que ele estava convidado a votar conosco se quisesse."

Cito contou ainda que o vereador teria pedido para marcar uma reunião ontem. "Eu não fui. Cerca de uma hora depois, fui abordado pelos promotores." Cito garantiu não ter oferecido nem entregado nenhuma quantia em dinheiro ao vereador. "Nas gravações vai ficar claro que eu não ofereço nada. É armação do PSDB para querer me pegar em dia de votação."

A assessoria da prefeitura informou que o prefeito Barbosa Neto estava em Brasília e que não iria se manifestar sobre as denúncias.

O Grupo de Atuação Es­­pecial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Lon­­­drina prendeu, no começo da tarde de ontem, o ex-secretário de governo e coordenador da campanha do PDT na cidade, Marco Cito, e Ludovico Bonato, amigo do prefeito Barbosa Neto (PDT), sob a suspeita de oferecerem R$ 40 mil para o vereador Amauri Cardoso (PSDB). Em troca, o parlamentar deveria votar contra a abertura da Comissão Processante da Centronic (CP), que investigaria o uso de vigias da prefeitura pela Rádio Brasil Sul, de propriedade do prefeito Barbosa Neto, o que poderia resultar em processo de cassação.

A votação sobre a CP foi suspensa na tarde de ontem em função das prisões.

Em entrevista coletiva na Câmara de Londrina, Cardoso disse que foi abordado por Cito e Bonato com uma oferta de dinheiro. Seriam R$ 20 mil antes da votação, R$ 20 mil depois e mais R$ 40 mil durante a campanha. O vereador comunicou o Gaeco, que preparou o flagrante. "Eles começaram a me abordar e, quando eu vi que estavam perto de fazer uma proposta, procurei o Gaeco e fiz uma série de gravações", declarou. No momento da prisão, Bonato estaria entregando R$ 20 mil ao parlamentar. Marco Cito foi preso logo em seguida na prefeitura de Londrina. Os dois foram encaminhados para a sede do Gaeco, onde prestavam depoimento ontem à noite.

De acordo com o vereador do PSDB, Cito e Bonato também ofereceram a possibilidade de ganhar mais dinheiro em outras votações. Cardoso afirmou que outros vereadores foram citados por supostamente terem recebido dinheiro. Ele não deu os nomes desses parlamentares. O vereador disse que não pediu dinheiro, apenas deu "corda" para que os aliados do prefeito avançassem na conversa.

No desenrolar dos diálogos gravados, quando questionado sobre quanto precisava, Cardoso afirmou que aceitaria o mesmo que os outros vereadores estavam pedindo. Em resposta, o ex-secretário Marco Cito teria feito um gesto com quatro dedos, que seria o valor de R$ 40 mil. O vereador disse que a conversa indicou que a propina chegaria a R$ 300 mil até a campanha eleitoral para quem votasse a favor do prefeito. "Por trás de tudo isso está Barbosa Neto", acusou.

Os investigadores não confirmaram, mas pelo menos duas conversas entre Cito e Bonato teriam sido gravadas. "Na sequência do flagrante, gravamos Bonato contando em detalhes toda a negociação. Ele confirmou 100% o que o vereador também dizia: que houve oferta de dinheiro em troca do voto do vereador na comissão", disse o promotor Claudio Esteves, coordenador do Gaeco.

O dinheiro apreendido ontem pelo Gaeco teria saído de dentro da Sercomtel, concessionária de telefonia local. Alysson Tobias, assessor da presidência da Sercomtel, foi intimado a depor – mas não foi localizado. O mesmo ocorreu com Antonio Rogério Ortega, atual secretário de governo.

(Daniel Costa, Amanda de Santa, Fábio Silveira e Marcelo Frazão)

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