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Youssef (centro) é acusado por evasão de divisas no valor de US$ 78,2 milhões | Jornal de Londrina/Arquivo
Youssef (centro) é acusado por evasão de divisas no valor de US$ 78,2 milhões| Foto: Jornal de Londrina/Arquivo

Dinheiro

O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), cobrou que a Advocacia-Geral da União (AGU) acelere as ações para recuperar o dinheiro do mensalão. "Já se passaram quase 10 anos, a quadrilha já foi presa e a AGU, não conseguiu recuperar nenhum tostão", disse.

9 ações foram abertas pela Justiça como desdobramento da Operação Lava Jato. Os 48 réus serão julgados por lavagem, associação criminosa, apropriação indébita, estelionato, falsidade ideológica e uso de documento falso.

A Justiça Federal do Paraná decretou nova prisão preventiva do doleiro londrinense Alberto Youssef, apontado como líder da quadrilha desmantelada pela Operação Lava Jato. Ele é acusado de lavar R$ 1,16 milhão do mensalão destinado ao ex-deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010.

A decisão de decretar a nova decisão é do juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara da Justiça Federal de Curitiba. Ele marcou uma audiência para o próximo dia 22 para ouvir Youssef. O doleiro está preso na capital paranaense desde março, quando foi expedida uma primeira ordem de prisão. Moro também decretou a prisão do doleiro Carlos Habib Chater, conhecido como "Zezé", e de mais dois envolvidos na trama: Carlos Alberto Pereira da Costa e Ediel Viana da Silva, que já estão presos. Os mandados de prisão são decorrentes de uma nova acusação por lavagem, formação de quadrilha e apropriação indébita referente à Operação Lava Jato e encaminhada pelo Ministério Público Federal (MPF) à Justiça na última quinta-feira. Outras seis pessoas, inclusive uma filha e dois familiares de Janene, constam como réus nesse processo.

Segundo a denúncia do MPF, os acusados teriam lavado pelo menos R$ 1,16 milhão de um total de R$ 4,1 milhões repassados pelo publicitário Marcos Valério, operador do mensalão, a Janene, líder do PP na Câmara na época do escândalo. O dinheiro teria sido usado para a aquisição de máquinas e equipamentos na empresa Dunel Indústria, sediada em Londrina. Segundo a ação, a empresa seria usada para "ocultar e dissimular a origem ilícita de recursos".

Mensalão

A Procuradoria da Re­pública relata que o ex-deputado Janene foi denunciado na ação do mensalão, julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), "restando provado naqueles autos o recebimento por ele e por outros deputados do Partido Progressista, por 15 vezes, de propina, no montante de cerca de R$ 4,1 milhões no esquema fraudulento conduzido por Marcos Valério Fernandes de Souza". Janene morreu em setembro de 2010, antes do julgamento do Supremo.

Os procuradores citam que a transferência teria sido feita pelo doleiro Habib Chater, entre outras pessoas, de agências bancárias com sede em Brasília (DF) e São Paulo (SP) a mando de Janene e Youssef. Do valor total, R$ 537,2 mil seriam de transferências bancárias de contas de empresas controladas por Chater. O restante, R$ 618,3 mil, segundo a Procuradoria, "tem origem em receitas ilícitas administradas pela empresa CSA Project Finance Consultoria e Intermediação de Negócios Empresariais". Chater também está preso.

A acusação cita ainda que havia um "estreito vínculo" entre Youssef e Janene. Em 2005, a suspeita da Polícia Federal era de que Youssef fosse o verdadeiro dono da corretora Bônus-Banval, utilizada no repasse de R$ 1,2 milhão para os parlamentares Pedro Henry (PP), Pedro Correia (PP) e Janene. Enivaldo Quadrado, oficialmente o dono da corretora, seria seu laranja. Quadrado foi condenado no mensalão.

A reportagem tentou contato com todos os advogados citados na ação. A defesa de Youssef nega as acusações. Christian Laufer, advogado de Chater, disse que ainda não iria se pronunciar sobre a ação. Os outros advogados não foram localizados.

Prefeito petista de Apucarana defende Vargas na Câmara

Agência Estado

Em depoimento no Con­selho de Ética da Câmara dos Deputados, o prefeito de Apucarana, no Norte do Paraná, Beto Preto (PT), disse aos parlamentares que o deputado André Vargas (sem partido-PR) aceitou o empréstimo de uma aeronave do doleiro Alberto Youssef porque pretendia viajar com a família no fim do ano passado e tinha dificuldades em encontrar passagens para 10 pessoas. O prefeito depôs como testemunha de defesa no processo por quebra de decoro parlamentar contra Vargas. O depoimento do deputado está marcado para o dia 29 deste mês.

Preto disse que Vargas buscava emprestar uma aeronave e que pagaria pelo combustível da viagem até João Pessoa (PB). Dias depois, ele ficou sabendo que o ex-petista havia conseguido o empréstimo de uma aeronave por intermédio de um empresário, Alberto Yousef, preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal. O prefeito disse que Youssef é dono do Hotel Blue Tree de Londrina mas que, apesar de sua amizade com Vargas, nunca o conheceu pessoalmente.

Preto afirmou que Var­gas era o representante da região de Apucarana na Câ­mara e que o ex-deputado sempre teve um perfil combativo. "Não o vi mudar, nem mesmo na maneira de se comportar no dia a dia", disse.

Membros do Conselho concluíram que a testemunha pouco tinha a colaborar com o objeto do processo: a relação de Vargas com o doleiro e o uso da aeronave. "Falar sobre a vida pregressa do deputado não está em jogo aqui", protestou o deputado Marcos Rogério (PDT-RO). "Parece que essa será a tendência das testemunhas [de defesa]", concluiu o relator Júlio Delgado (PSB-MG).

O prefeito é a quinta testemunha ouvida no processo contra Vargas. Com o recesso branco, já foram marcadas sessões nos dias 22, 23 e 29 para ouvir testemunhas e o deputado acusado. O doleiro é uma das testemunhas arroladas, mas informou que não tem intenção de se pronunciar. O relator terá mais 10 dias úteis para apresentar seu parecer. O objetivo é votar o relatório final na primeira semana de agosto.

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