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Depois de se reunir com o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, o presidente nacional do PT, Tarso Genro, disse que sua desistência da candidatura à presidência do partido nas eleições internas de setembro significa que a corrente majoritária escolheu um modelo de transição "mais lento e difícil" de renovação do partido.

Tarso argumentou que, por isso, nesse momento é "irrelevante" se o ex-ministro José Dirceu irá ou não permanecer na chapa do Campo Majoritário, a corrente que controla o partido. Ele negou que tenha feito uma queda de braço com Dirceu, apesar de ter desistido da disputa justamente pela decisão de Dirceu de permanecer na chapa.

- A maioria, que ainda tem o controle, escolheu uma forma de transição que é uma forma de transição negociada com o pacto dirigente anterior. É um caminho mais demorado, mais longo, mais difícil e mais complicado no relacionamento do partido com a sociedade - disse Tarso, ao sair do Palácio do Planalto, negando que esse caminho signifique uma tragédia ou uma liquidação do partido.

Tarso disse ainda que ele e Dirceu "prestaram um grande serviço do PT".

- Ao fazer esse debate e deixar de maneira transparente para a militância duas visões de partido, duas visões de transição e duas visões de responsabilidade política que os dirigentes têm sobre essa situação difícil - política e moral - que o partido está atravessando. Sem que haja essa catarse não haverá uma reconstrução, muito menos uma refundação do PT - disse.

Sobre uma saída de outros petistas da chapa do Campo Majoritário depois de sua desistência, Tarso fez críticas aos companheiros, afirmando que eles deveriam ter pensando antes nas conseqüências. Disse que não volta para o governo e atacou quem pensa nesse momento em "interesses pessoais". Ele negou ainda que tenha conversado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o assunto.

Embora o anúncio oficial da sua saída da chapa de campanha tenha sido feito segunda-feira, Tarso já havia tomado a decisão de não disputar a presidência do PT semana passada. Em carta entregue na última sexta-feira, dia 26, ao coordenador do Campo Majoritário, Francisco Rocha da Silva, Tarso Genro já dava pistas das razões que o levariam à desistência.

Na véspera da entrega da carta, Tarso havia se reunido com o senador Alosio Mercadante e com os governadores petistas Jorge Viana (Acre) e Wellington Dias (Piuaí), entre outros integrantes do PT.

"A minha candidatura definitiva a Presidente do Partido sempre esteve vinculada a uma proposta de ruptura com os métodos de direção do núcleo anterior e com a construção de uma nova maioria", diz um trecho da carta.

"Quero deixar claro através desta carta, mais uma vez, que serei candidato somente nestas condições. E isso significa que a chapa que me dá sustentação deve estar desprendida da hegemonia anterior. Hegemonia que tem os seus méritos, mas tem, também, uma enorme responsabilidade sobre tudo o que está acontecendo no Partido. Isso não é um juízo moral, nem um ataque pessoal: é um elemento chave na definição de responsabilidades políticas, que devemos assumir em momentos de crise. Usar as estruturas de poder do partido para defesa de interesses puramente pessoais - seja na proteção de um mandato, seja em defesas penais - é um erro de princípios que não posso compartilhar", completa Tarso em outro ponto da carta.

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