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Senado

Tasso nega irregularidades em uso de verba para alugar jatinho

"Folha de S.Paulo" diz que senador usou dinheiro indevidamente. Ele disse que "devolverá dinheiro em dobro" em caso de prejuízo ao erário

Em discurso no plenário do Senado nesta quinta-feira (2), o senador Tasso Jereissati afirmou que o procedimento burocrático para o uso da cota de passagens com o aluguel de jatinhos foi normal e que não discutiu este assunto com o ex-primeiro-secretário do Senado Efraim Morais (DEM-PB) sobre o tema.

O senador tucano afirmou ter feito uma pesquisa e que nos últimos 20 anos o fretamento foi utilizado por diversos parlamentares no Senado e na Câmara. "Não entendo porque eu fui pinçado. Não existe brencha nenhuma."

Reportagem do jornal "Folha de S.Paulo" desta quinta afirma que o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) utiliza parte dos recursos referentes à cota de passagem para o fretamento de jatinhos. Segundo o jornal, Tasso possui um jatinho e diz ter autorização da Casa para realizar o fretamento de outras aeronaves quando a sua não pode ser utilizada. Ele teria gasto mais de R$ 300 mil entre 2005 e 2007.

Neste momento, Tasso faz um pronunciamento na tribuna do Senado se defendendo das acusações.

Tasso afirma que sua conduta é pautada pela "honestidade" e pela "ética". Ele rebateu ainda o fato de alguns dos fretamentos terem sido utilizados em trechos de viagens fora de seu estado, como entre Rio de Janeiro e São Paulo. "A vida de um senador da República não se resume a viagens entre Brasilia e seu estado natal", disse.

O tucano afirmou que devolverá "em dobro" caso uma análise nas suas contas de passagens aéreas indiquem que estourou sua cota. "Se eu dei prejuizo ao erário publico, ao Senado ou à União, se eu gastei em passagens aéreas pelo menos igual ao que tenho direito eu me proponho, como compromisso com a mesa do Senado, eu irei repor em dobro o que eu gastei."

Ele negou ainda a possibilidade de ter usado os recursos do Senado para pagar combustível de sua aeronave, o que seria proibido. "O que está sendo colocado não é ilegal, nao é aético e é usado por vários senadores. O que queriam insinuar, ou tentar descobrir, era se este recurso não era para pagar empresa de fretamento, mas que eu faria uma picaretagem para desviar o recurso para pagar combustível do meu próprio avião. Isso não aconteceu."

Tasso atribuiu as denúncias a uma disputa entre grupos dentro do Senado. "Tem um grupo que se assenhorou do Senado e montou uma máquina. Aí surgiu um grupo dizendo que todas as margens e limites passaram e dizendo que chegou a hora disso acabar, quem faz isso fere, aborrece, cria inimigos, provavelmente de mau caráter e boa parte caráter duvidoso". O tucano se refere a disputa entre José Sarney (PMDB-AP) e Tião Viana (PT-AC) pela presidência da Casa, quando o PSDB ficou ao lado do PT.

Senadores

O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), foi na mesma linha e chegou a falar em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a administração do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia, que deixou o cargo após a denúncia de que teria ocultado de sua declaração de bens uma mansão de R$ 5 milhões. Agaciel nega que tenha cometido irregularidades.

"Chego a pensar em uma comissão parlamentar de inquérito do Senado para investigar a administração do senhor Agaciel. Nao é o que quero, o que desejo, o que pretendo, mas posso fazer se for necessário. (...) Espero que o presidente Sarney tome medidas para não precisarmos chegar a isso", disse Virgílio.

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), destacou as atividades empresariais de Tasso e afirmou que o colega não precisa do dinheiro público. "O senador Tasso paga para ser senador", disse. Ele afirmou que o colega poderia ter rendimentos bem maiores se destinasse sua energia apenas para suas empresas.

Uso legal

O diretor geral do Senado, Alexandre Gazineo, garantiu ser "legal" o uso da cota de passagem aérea dos senadores para o fretamento de jatinhos. A afirmação foi feita por meio de nota lida nesta quinta no plenário do Senado pelo primeiro vice-presidente da Casa, Marconi Perillo (PSDB-GO).

Em meio à polêmica, o diretor geral defendeu a legalidade do ato. "Atendendo à solicitação de vossa excelência com relação a materia divulgada pela mídia sobre o uso da cota de passagens aéreas, informo que a questão apresenta absoluto caráter de legalidade", afirmou Gazineo.

O diretor geral diz que o ato que regula a utilização da cota é omisso em relação à conversão da cota em espécie ou ao uso diretamente para o fretamento. Gazineo garante que a ação é legal e transparente.

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