Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
EDUCAÇÃO

TC apura esquema padrão ‘Quadro Negro’ em obras de R$ 67 milhões em outras escolas

Fiscais adotavam prática de fraudar vistorias para acelerar liberação de recursos. Esquema envolveria mais construtoras

Colégio Estadual Dirce Celestino do Amaral, em Curitiba, uma das 111 escolas com obras sob suspeita. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Colégio Estadual Dirce Celestino do Amaral, em Curitiba, uma das 111 escolas com obras sob suspeita. (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

Uma auditoria do Tribunal de Contas do Paraná (TC) põe em dúvida a lisura de obras realizadas em cerca de 100 colégios estaduais nos quais foram feitas 111 intervenções que consumiram R$ 67 milhões do programa Renova Escola. Relatório do TC recomenda que o valor seja retirado da base do programa “em função de indícios de fraude e corrupção, até que seja concluída a revisão [dos contratos], ora, em andamento”.

O TC aponta ainda que pelo menos R$ 2,5 milhões correspondem a serviços em 5 escolas que foram pagos mas não executados. A dinâmica é semelhante à apurada pela Operação Quadro Negro e abrange outras construtoras – o que levanta suspeitas quanto ao esquema ser mais amplo do que o investigado. A Quadro Negro apura desvios de R$ 18 milhões em obras de escolas estaduais executadas pela construtora Valor.

O Renova Escola integra o Projeto Multissetorial para o Desenvolvimento do Paraná, que é financiado com recursos do Banco Mundial. Com a recomendação do TC, o banco informou que vai descontar os R$ 67 milhões dos próximos repasses. O dinheiro corresponde ao que foi gasto em 43 ampliações e 68 reparos emergenciais em escolas iniciados até 2014. A gestão do programa é da Superintendência de Desenvolvimento Educacional (Sude), da Secretaria de Estado da Educação (Seed).

Segundo o TC, os fiscais da Sude fraudavam vistorias às obras, indicando em seus boletins que a execução das ampliações ou reparos estava em estágio mais avançado do que a realidade. Isso resultava “em pagamentos por serviços não executados ou executados de forma diversa da prevista em contrato”.

Além disso, relatório do tribunal concluiu que há “indícios de conluio entre a direção da Sude, fiscais de obras e empresas contratadas”. Foram indícios como esses que fizeram a Seed instaurar sindicâncias que levaram à Operação Quadro Negro, do Nurce (Polícia Civil) e do Gaeco (Ministério Público).

A Seed informou que as investigações começaram a partir da sindicância da secretaria e que a pasta colabora com todas as apurações.

Governo do estado

O governo do Paraná apresentará ao Banco Mundial uma alternativa para não ter descontados de futuros repasses os R$ 67 milhões já investidos no projeto Renova Escola. Segundo o secretário estadual do Planejamento, Silvio Barros, o governo pretende propor a assinatura de um aditivo ao contrato do financiamento para que outras obras em escolas substituam as envolvidas nas suspeitas de desvios levantadas pelo Tribunal de Contas do Paraná (TC).

O Renova Escola é contrapartida do estado ao financiamento de US$ 350 milhões do Banco ao Projeto Multissetorial para o Desenvolvimento do Paraná (Bird). O projeto inclui investimentos sociais como o Mãe Paranaense e Rede Paraná de Urgência e Emergência, além de ações de abastecimento de água. Atualmente, cerca de US$ 130 milhões já foram repassados pelo banco. O governo teme que, se o Bird não aceitar a troca de contrapartida, o investimento seja cortado.

Colaborou Fernando Martins.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.