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Michel Temer em reunião com ministros e aliados do governo: segundo escalão foi dividido. | Marcelo Camargo/Agência Brasil
Michel Temer em reunião com ministros e aliados do governo: segundo escalão foi dividido.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Obrigada a reconstruir pontes com sua base aliada, sobretudo com o PMDB, que comanda a Câmara e o Senado, a presidente Dilma Rousseff decidiu atender aos pedidos cada vez mais frequentes por cargos. Para agradar ao líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), indicou para uma diretoria na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) o genro dele, o advogado Ricardo Fenelon das Neves Júnior, que, aos 28 anos, tem como experiência no setor apenas um estágio na própria agência.

A nomeação de Fenelon não é a única feita por Eunício. Partiu do líder do PMDB no Senado a indicação do presidente do Banco do Nordeste, Marcos Holanda, e do secretário-executivo do Ministério do Turismo, Alberto Alves.

As agências reguladoras atraem o interesse dos parlamentares. Na Anac, há mais duas vagas abertas. Na Agência Nacional de Águas (ANA), falta uma indicação, e, na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), há também uma cadeira sem dono, por enquanto.

Cunha quer aliado à frente de fundo de investimentos

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), trabalha para nomear pessoa de seu grupo político para comandar parte dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

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A indicação de Fenelon foi enviada por Dilma ao Senado em 3 de julho, por intermédio do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Os documentos à vaga foram remetidos à Casa Civil no dia 18 de junho, três dias antes do casamento dele com a filha caçula de Eunício, Marcela Paes de Andrade Oliveira. Dilma foi ao casamento.

Fenelon foi indicado para ocupar a diretoria de Operações de Aeronaves na Anac, na vaga de Carlos Eduardo Magalhães da Silveira Pellegrino. O salário é de R$ 14.376,03. Para ocupar o cargo, ele tem que passar por uma sabatina no Senado e ser aprovado, por voto secreto.

No currículo que anexou ao processo de indicação, Fenelon informou que estagiou na Anac entre abril de 2009 e outubro de 2010. Na “argumentação escrita”, o advogado diz que, como estagiário, trabalhou na Procuradoria da Anac. Em seguida, revela que tem afinidade com a questão de aeroportos: “Ademais, optei por realizar um dos estágios obrigatórios do curso de graduação no Juizado Especial do Aeroporto de Brasília, onde realizei diversas mediações entre usuários do transporte aéreo e empesas aéreas”.

Eunício disse que o currículo de seu genro justifica a indicação. A reportagem enviou um e-mail para Fenelon, que não respondeu.

Desde que Temer assumiu o comando da articulação política, passou a destravar as nomeações para cargos do 2.º escalão. Apesar de muita promessa e demora, os peemedebistas não têm do que reclamar. O ex-deputado Henrique Alves assumiu o Ministério do Turismo e conseguiu nomear praticamente todos os cargos importantes.

Levou o controle do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). O ex-vice-governador do Distrito Federal Tadeu Fillipelli é o novo chefe de gabinete da Secretaria de Relações Institucionais do governo. Vinícius Lummertz, do PMDB de Santa Catarina, conseguiu a presidência da Embratur. As Companhias de Docas do Rio, do Espírito Santo e do Pará têm no comando afilhados de peemedebistas. No Rio, a indicação é compartilhada pelo líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani, e pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha. No Pará, há disputa entre o senador Jader Barbalho e o deputado José Priante, ambos do PMDB. Temer está mediando.

O vice conseguiu a façanha de tirar de Márcio Zimermann, ex-ministro de Minas e Energia e um dos mais leais auxiliares de Dilma, da presidência da Eletrosul. Entregou o cargo ao peemedebista Djalma Berger, irmão do senador Dário Berger (SC). A indicação gerou constrangimento, porque o nome de Zimermann já tinha sido levado ao conselho da estatal.

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