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Atualizado em 17/01/06, às 11h08min

Os bombeiros retiraram, por volta das 5h40min desta quarta-feira, o terceiro corpo da cratera da Estação Pinheiros do metrô. Ele estava exatamente abaixo de dois caminhões escorados, que estão no meio da cratera desde a última sexta-feira, dia do acidente no canteiro de obras da estação Pinheiros.

O corpo foi identificado como Francisco Sabino Torres, de 47 anos, o motorista de um dos caminhões que trabalhava nas obras do metrô. De acordo com outros trabalhadores do consórcio Via Amarela, Francisco não conseguiu escapar do soterramento. O corpo de Francisco estava a mais de 10 metros de profundidade, numa parede da cratera.

O trabalho de busca e resgate de corpos se prolongou por toda a madrugada e envolveu cerca de 30 homens do Corpo de Bombeiros. Antes, haviam sido resgatados da cratera os corpos da advogada Valéria Marmit, de 37 anos, e da aposentada Abigail Rossi de Azevedo, de 75 anos.

Na noite desta terça-feira, o delegado Dejair Rodrigues, da 3ª delegacia seccional da capital, confirmou que o corpo retirado da van que está soterrada no canteiro de obras do metrô era da advogada Valéria Marmit, de 37 anos. Valéria tinha três filhos. Segundo ele, o Instituto Médico Legal (IML) retirou as impressões digitais e recolheu parte do cabelo da vítima para a realização de exames de DNA. Os bombeiros levaram cerca de 7 horas para retirar o corpo porque as pernas da advogada estavam presas às ferragens.

- Ela era uma mãe exemplar, muito dedicada aos nossos filhos. Era também dedicada no trabalho - disse Vagner Marmit, ex-marido da vítima, que afirmou que os filhos ainda não sabem da morte da mãe.

- Eles estão em casa assistindo filmes na TV. Ainda não falei com eles - disse.

As buscas continuam por escavações feitas pela superfície e não no túnel usado para retirar Valéria.

Na madrugada desta segunda-feira, os bombeiros haviam retirado dos escombros o corpo da aposentada Abigail Rossi de Azevedo, de 75 anos. Durante a tarde de segunda, o resgate conseguiu visualizar o corpo de Valéria no banco de trás da lotação. Mas ela não pôde ser retirada por causa do risco de novos desabamentos. O resgate chegou a ser interrompido e foi informado que só seria retomado em 3 ou 4 dias, o que revoltou os familiares.

- Nós sabemos que meu marido está morto, mas queremos tirar ele de lá. Ele não é indigente - disse emocionada Thais Gomes, esposa de Wescley Adriano Silva, de 22, cobrador da van soterrada.

As buscas pelas vítimas foram retomadas no fim da manhã desta terça. O engenheiro Márcio Pellegrini, que representa o consórcio de empresas responsável pelas obras da linha 4 do metrô, afirmou que foram feitas análises do terreno durante a madrugada e ficou constatado que há estabilidade para o trabalho. As buscas foram retomadas pelo túnel da Avenida Faria Lima, onde está soterrada a van.

Na superfície, continuam os trabalhos de retirada de entulhos. masi de 2 mil caminhões de terra já foram retirados. Um nova retroescavadeira foi levada para o local para ajudar na remoção dos escombros.

O secretário de Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, disse que as empresas do consórcio poderão ser indiciadas, caso as investigações apontem responsabilidade delas no acidente.

Continuam desaparecidos Reinaldo Aparecido Leite, de 43 anos, o motorista da van; Wescley Adriano Silva, de 22, cobrador da lotação; Márcio Rodrigues Alambert, de 31, funcionário público. Uma pessoa não identificada também pode estar na lotação. Suspeita-se que seja o motoboy Cícero Augustinho da Silva , de 60 anos.

Nesta terça-feira, às 5h, uma faixa de rolamento da pista local da Marginal do Pinheiros foi liberada para o trânsito na região do acidente. Mas a pista voltará a ser interditada enquanto durar o resgate entre 23h e 5h para dar mais segurança aos motoristas. A Companhia de Engenharia de Tráfego afirma que a curisiodade dos motoristas faz com que eles reduzam a velocidade ao passar pelo local do acidente, o que aumenta o risco de colisões.

A Defesa Civil informou que a vistoria completa nos imóveis só termina na sexta-feira. No momento, 45 imóveis seguem interditados e 132 pessoas tiveram de deixar suas casas. Cinco imóveis comerciais foram liberados pela Defesa Civil nesta segunda.

De acordo com o consórcio Via Amarela, que realiza as obras do ramal, todas os prejuízos serão cobertos pelo seguro. Essas empresas afirmam que as fortes chuvas que caíram na capital paulista entre dezembro e o começo de janeiro podem ter causado o desabamento . O consórcio descartou ainda negligência ou falhas que possam ter causado o acidente. Um engenheiro do consórcio admitiu que o teto da laje cedeu antes do desabamento e havia trincas. O vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman, falou sobre falha de engenheiros. Mas o Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT) vai preparar um laudo sobre o acidente.

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