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Atualizado em 03/05/2006 às 21h31

Como era previsto, o deputado Josias Gomes (PT-BA) se beneficiou do baixo quórum (443 presentes) e foi mais um acusado de envolvimento com o mensalão a ser absolvido. Em votação na noite desta quarta-feira no plenário da Câmara, o parecer do Conselho de Ética que recomendava a cassação do mandato do parlamentar recebeu 228 votos favoráveis (eram necessários 257 para o relatório ser aprovado), 190 contra, 19 abstenções, cinco brancos e um nulo.

Durante 50 minutos, o relator do processo, Mendes Thame (PSDB-SP), leu o parecer pela cassação. Em sua defesa, Josias disse que a mídia criou o factóide do mensalão e que, ao longo de mais de 25 anos de vida pública, jamais foi alvo de inquérito. Confiante de que será absolvido, o parlamentar disse que o caixa dois não é um 'crime de lesa-pátria'.

Ele voltou a dizer que não tinha conhecimento de que os R$ 100 mil recebidos do empresário Marcos Valério eram ilícitos. Disse ainda que, antes de entrar na carreira política, plantava coentro e criava galinhas. Nas cadeiras da frente, petistas que escaparam da cassação, como João Paulo Cunha (SP) e João Magno (MG), deram força ao colega de partido.

O deputado João Batista Babá (PSOL-PA) não perdeu a oportunidade de criticar o ex-colega de partido afirmando que, com um passado deste, "o senhor deveria ter vergonha de ter se envolvido com o valerioduto".

Josias Gomes, que na época era o presidente do PT na Bahia, foi pessoalmente à agência do Banco Rural, em Brasília, retirar R$100 mil das contas da SMP&B e até deixou lá cópia de carteira parlamentar. O petista afirmou que não cometeu nenhuma irregularidade em procurar o então tesoureiro do PT Delúbio Soares para pedir ajuda financeira.

- O meu caso tem começo, meio e fim. Eu fui ao Delúbio, o tesoureiro do meu partido, pedir dinheiro e, até como ato de boa-fé, deixei a carteira de parlamentar no banco. Imaginei que era dinheiro do meu partido. O caixa dois é uma prática condenável, que não se sustenta, mas não é um crime de lesa-pátria, ainda mais no meu caso, que fiz sem saber - afirmou.

Josias foi o 13º da lista de 19 deputados enviada ao Conselho de Ética a ser julgado pelo plenário da Câmara. Até agora, das dez recomendações pela cassação, apenas três foram ratificadas pelo plenário.

Com a absolvição de Josias Gomes, apenas dois processos ficarão pendentes: o de Vadão Gomes (PP-SP), que teve o pedido de cassação rejeitado pelo Conselho de Ética ; e o do ex-líder do PP José Janene (PR), que deverá terminar em maio.

Até agora, foram cassados os mandatos de apenas três acusados: do petebista Roberto Jefferson, autor da denúncia do mensalão e da compra de votos pelo governo; do petista José Dirceu, acusado de ser o principal articulador do esquema; e do presidente nacional do PP, Pedro Corrêa. Além de Josias Gomes, o plenário absolveu nove deputados: Sandro Mabel (PL-GO) e Pedro Henry (PP-MT) - que haviam sido absolvidos também pelo Conselho -, Romeu Queiroz (PTB-MG), Roberto Brant (PFL-MG), Professor Luizinho (PT-SP), João Magno (PT-MG), João Paulo Cunha (PT-SP), Wanderval Santos (PL-SP) e José Mentor (PT-SP).

Outros quatro incluídos na lista de beneficiários do valerioduto renunciaram para evitar a cassação: Carlos Rodrigues (PL-RJ), Valdemar Costa Neto (PL-SP), Paulo Rocha (PT-PA) e José Borba (PMDB-PR).

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