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Reserva – Na primeira audiência da acusação, a principal testemunha do assassinato do presidente do PC do B de Reserva, Nelson Renato Vosniak, mudou o depoimento prestado anteriormente à polícia. Ontem, perante a juíza Daniela Flávia Miranda o jornalista Giovani Welp Pinto confirmou a versão do assassino confesso, o presidente da Câmara dos Vereadores da cidade, Flávio Hornung Neto (PMDB).

Pinto disse que Vosniak tinha armas e drogas no carro e que teria se abaixado para pegar o revólver para atirar em Hortung Neto momentos antes de ser atingido. O jornalista e o professor Carlos Rodrigues de Oliveira Filho, também ouvido ontem, estavam no carro de Vosniak, quando ele foi assassinado, no dia 15 de janeiro.

Esta foi a primeira vez que Pinto e Oliveira Filho estiveram em Reserva, na região dos Campos Gerais, desde o dia do crime, há seis meses.

Na primeira vez em que foi ouvido pelo delegado Wallace Brito, o jornalista apresentou a mesma versão que o professor. Oliveira Filho contou à juíza que na época morava em Telêmaco Borba e iria trabalhar com Vosniak em Reserva. "Cheguei à cidade por volta das 8 horas da noite e entrei no carro dele (Vosniak) para darmos uma volta", disse o professor. No veículo também estava o jornalista. "Passamos em frente a uma choparia onde estavam o prefeito, o Flávio e mais um grupo de pessoas. O Nelson cumprimentou as pessoas e o Flávio xingou". A partir daí, segundo o professor, o presidente da Câmara passou a perseguir o carro deles e, em uma rua, encostou ao lado e atirou em Vosniak, que perdeu a direção do veículo e bateu numa árvore.

Segundo ele, em nenhum momento Hortung parou de atirar. "Ele encostou o revólver na minha cabeça e disse que ‘agora é você’, só que não saiu nada. Enquanto ele recarregava a arma, eu saí do carro e pedi ajuda", relata. Muito ferido, o jornalista também conseguiu deixar o carro e pedir ajuda.

Além do jornalista e do professor, mais oito pessoas foram ouvidas pela juíza da cidade. Entre elas estava o prefeito de Reserva, Frederico Bittencourt Hornung, primo do vereador. Hortung Neto acompanhou dois depoimentos na parte da manhã. A audiência começou às 9h e terminou por volta das 19h30. Pinto preferiu não conversar com a imprensa e durante todo o tempo em que permaneceu na cidade esteve sempre acompanhado do advogado.

No dia do crime, Pinto levou dois tiros e ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por 11 dias. Desde então, ele e o professor se mudaram de Reserva. Na época, Oliveira passou por Maringá, onde prestou depoimento à polícia, e hoje mora em Ourinhos, interior de São Paulo. Seis meses depois, os dois ainda se mostram abalados e passam por tratamento psicológico.

A viúva de Vosniak, Fabiane Zampieri, e os irmãos dele, Luiz Carlos e Valdete Vosniak, acompanharam os depoimentos do lado de fora da sala de audiência. "Nós estamos lutando contra o dinheiro e o poder, mas a justiça será feita e ele (Hortung), preso", disse Luiz Carlos. Segundo Fabiane, a divergência entre o marido e os Hortung, tradicional família de Reserva, era política. Três campanhas municipais anteriores foram coordenadas por Vosniak, e em todas elas o grupo de Hortung foi derrotado. "Eles sempre nos perseguiram, não podia ver a gente em paz", diz a viúva.

Fabiane foi casada com Vosniak por 15 anos e teve três filhos com ele, uma menina, hoje com 17 anos, e dois meninos, de 10 e 5 anos de idade. O menino mais velho escapou da emboscada no dia 15 de janeiro.

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