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O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos chegou a falar em terrorismo ao descrever a denúncia do Ministério Público no processo de mensalão em relação ao Banco Rural. Ele defende José Roberto Salgado, um ex-diretor da instituição financeira. Ele criticou a estimativa de R$ 1 bilhão em possíveis ganhos do Rural com o levantamento da liquidação do banco Mercantil de Pernambuco. O procurador Roberto Gurgel atribuiu a essa expectativa de lucro a concessão de R$ 32 milhões em empréstimos a agências de Marcos Valério e ao PT.

"Tenta-se dizer, terroristicamente, que o motivo que levou o Rural a dar aqueles três empréstimos foi o pote de ouro de R$ 1 bilhão se acontecesse o levantamento. O Rural não tinha gestão no Mercantil, era minoritário. Realmente dar para o PT e para Marcos Valério R$ 32 milhões para receber R$ 1 bilhão era um bom negócio. Mas, isso só existe na loteria esportiva, aqui não. Na liquidação, o Rural recebeu R$ 96 milhões, estritamente por sua participação acionária de 22%", disse Bastos, destacando que o levantamento aconteceu apenas em março deste ano.

Em defesa de Salgado, o advogado destacou que somente em abril de 2004 ele assumiu a vice-presidência operacional do banco. Antes, era diretor na área internacional. Seguindo o que já foi apresentado por outros defensores de ex-diretores do Rural, Bastos destacou que foi José Augusto Dumont, já falecido, quem foi o responsável pela celebração dos empréstimos. Salgado participou apenas de duas renovações e, segundo a defesa, o objetivo era justamente de forçar Marcos Valério a honrar os compromissos.

Bastos destacou ainda que dos 65 saques em espécie feitos na boca do caixa em agências do Rural, apenas 5 foram quando Salgado estava na vice-presidência operacional. Afirma que não se pode considerar que ele participava de uma quadrilha ou contribuísse com lavagem de dinheiro se sequer ocupava posto de cúpula no banco até abril de 2004. Afirmou ainda que nas 21 citações do cliente não há nenhuma menção a conduta individual.

Para ele, apenas o depoimento de um "falsário", ex-funcionário do banco, Carlos Godinho, envolvia Salgado nas denúncias. Bastos destacou que essa testemunha foi "abandonada" pelo MP na sustentação oral feita na sexta-feira.

Bastos era ministro da Justiça na época da eclosão do escândalo do mensalão, mas no processo defende apenas Salgado, que não faz parte do núcleo político apontado na denúncia pela Procuradoria-Geral da República.

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