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É claro que quando chega uma pesquisa eleitoral a primeira coisa que todo mundo quer saber é quem está na frente. Quem vai ser o prefeito. Quem vai ganhar a corrida. Mas pesquisas, quando bem feitas, têm muito mais informação para a gente ler. É o caso da primeira rodada do Datafolha, divulgada neste sábado.

Um dado interessante? De cada dez eleitores de Curitiba, oito não dão grande importância para a escolha de vereadores. O interesse pela eleição para a Câmara varia de "nenhum" (30%) até "médio" (32%), passando pelo "pequeno" (16%). A fatia dos que dizem ter "grande" interesse é exatamente de 20%. Um em cada cinco entrevistados.

Isso mesmo depois de todos os escândalos acontecidos nos últimos 12 meses. Mesmo depois de João Cláudio Derosso cair, Paulo Frote ser condenado judicialmente e Algaci Túlio ter admitido que o que se fazia na Câmara era "uma barbaridade". Mesmo depois de o Ministério Público ter pedido bloqueio de contas do ex-presidente da Câmara. Mesmo depois de os vereadores terem tido 1,5 mil faltas no mandato...

Mesmo depois de o presidente do Conselho de Ética ter sido pego recebendo verba de publicidade da própria Câmara. De funcionários de vários vereadores usarem empresas e, curiosamente, receberem também as verbas de publicidade. Mesmo depois de um vereador faltar à sessão, ser pego no jogo do Atlético e ainda ir ao Facebook tirar um sarrinho, dizendo que precisava de um atestado médico falso.

As explicações dos especialistas podem ser várias: a população quer mesmo é benefícios diretos, e os vereadores não trazem isso. Cada um tem de cuidar de sua vida, e não sobra tempo para pensar na política. O eleitor é racional, mas não tem por que acompanhar o debate político do dia a dia. Tudo bem.

Mas a impressão é de que algo há de errado quando, a três meses da eleição, 80% das pessoas dizem que não estão nem aí para saber quem vai gerir um orçamento milionário e decidir sobre as leis que comandam o seu dia a dia. E não é que a decisão delas não tenha importância: são exatamente esses os eleitores que decidirão isso, sozinhos, no início de outubro.

A pesquisa permite ver ainda que não há diferença entre o comportamento dos mais novos e dos mais velhos. Todos ignoram a eleição por igual. Há dois fatores que causam alguma diferença: renda e grau de instrução. Entre os que têm menor renda, só 19% dizem ter "grande interesse" na eleição. Entre os de maior renda, são 31%. Na faixa de menor instrução, o grande interesse fica restrito a 19%. Entre os mais instruídos, o número sobe para 34%.

Veja bem: quem trabalha com pesquisa sabe que os mais instruídos costumam dar a resposta que se espera deles, para ficar bem na fita. Mesmo assim, o número dos mais interessados na eleição mal passou de um terço.

É claro que os politólogos têm razão. Não dá para esperar que alguém passe as 24 horas do dia lendo sobre política. Há mais o que fazer da vida. Mas seria muito pedir que pelo menos as pessoas se importassem com o que vai acontecer com a sua cidade, com a vida de sua comunidade?

Metodologia

Pesquisa Datafolha realizada entre os dias 19 e 20 de julho deste ano, com 832 entrevistados, em Curitiba. A margem de erro do levantamento é de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos. As contratantes foram o jornal Folha de S.Paulo e a RPC TV. A pesquisa foi registrada no TRE-PR sob o número PR-00017/2012.

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