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Esperança: o senador Tião Viana conta com a insatisfação de peemedebistas e parlamentares da oposição em relação ao nome de José Sarney para viabilizar sua eleição | Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
Esperança: o senador Tião Viana conta com a insatisfação de peemedebistas e parlamentares da oposição em relação ao nome de José Sarney para viabilizar sua eleição| Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
  • Temer: um olho no peixe, outro no gato.

A traição foi o grande assunto de ontem no Congresso Nacional, após o anúncio de que o senador José Sarney (PMDB-AP) vai mesmo disputar a presidência do Senado. O rompimento do acordo entre peemedebistas e petistas de que seria a vez de o PT comandar a Casa foi considerada por aliados do presidente Lula como uma punhalada nas costas. Apesar disso, o PT vai usar a mesma estratégia para tentar eleger o senador Tião Viana (PT-AC), candidato da legenda à presidência. Senadores próximos de Viana apostam justamente nas traições de parlamentares do PMDB, DEM e PSDB, que devem apoiar Sarney, para garantir a vitória do petista.

Com a entrada de Sarney na disputa pelo comando da Casa, Tião perdeu votos da oposição e de partidos da base aliada governista – que antes admitiam a possibilidade de apoiar o petista. Mas, como a votação é secreta, aliados de Tião acreditam que muitos senadores vão contrariar as orientações partidárias para apoiar o seu nome.

"O voto secreto sempre permite isso (traições). A bancada do PMDB tem alguns parlamentares que já declararam voto no Tião. Por tudo o que nós já passamos no Senado, apostamos que há espaço para a sua candidatura", disse a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC).

Já na Câmara Federal, o candidato favorito na disputa pela presidência da Casa, deputado Michel Temer (PMDB-SP), passou o dia de ontem trabalhando justamente para evitar que seja ele a mais nova vítima das traições dentro do Congresso. O deputado teme que a quebra do acordo no Senado provoque baixas em sua campanha na Câmara, pois até agora ele vinha sendo apoiado pelo PT.

Temer conversou por cerca de duas horas com lideranças petistas na Câmara – o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (SP), e os deputados Marco Maia (PT-RS), Cândido Vacarezza (PT-SP) e Odair Cunha (PT-MG). Segundo Temer, eles lhe garantiram que o PT não irá recuar no apoio ao seu nome nem liberar a bancada na Câmara para que cada deputado vote como quiser nas eleições do dia 2.

Temer afirmou ainda que conversou com o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), que também assegurou que o partido iria unido em favor do peemedebista na eleição para a presidência da Câmara. "Posso dizer que estou dormindo muito bem e tranquilo", afirmou Temer. "Tive garantias hoje de que o PT está comigo e vai continuar comigo."

Na terça-feira, porém, a senadora Ideli Salvatti havia dito que a candidatura do deputado estava ameaçada com o ingresso de Sarney na disputa do Senado. Ontem, ela mudou o tom. Afirmou não acreditar que a candidatura de Sarney vai derrubar o apoio do PT a Temer.

No entanto, outros setores do PT intensificaram as críticas à candidatura Temer por causa da insistência do PMDB em querer garantir a presidência do Senado e da Câmara. O deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR) foi um dos que criticou a possibilidade de o PMDB ocupar simultaneamente as duas presidências. "Não é bom nem para a democracia brasileira, nem para o próprio Congresso Nacional, que uma mesma sigla esteja à frente das duas Casas pelos próximos dois anos", afirmou. "A instituição legislativa não pode adquirir o aspecto de uma agremiação partidária", disse Dr. Rosinha, lembrando que Temer é presidente nacional do PMDB.

O presidente Lula, embora tenha ficado "profundamente contrariado" com a candidatura de Sarney, segundo a senadora Ideli Salvatti, ontem mesmo enviou interlocutores para aplacar a ira dos petistas com o PMDB. Lula teria decidido que, apesar do fim do acordo com os peemedebistas do Senado, é preciso continuar a apoiar Temer em nome da governabilidade.

PDT

Michel Temer e Tião Viana ganharam ontem o apoio oficial do PDT para suas candidaturas. Os dois posaram para fotografias ao lado do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que é presidente licenciado do PDT.

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Interatividade

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