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Sorteio do ônibus

Transporte escolar tem problemas em 60% do PR

Governo repassará só 40% do que cidades precisam

Enquanto o governo do estado promete sortear um ônibus aos deputados que comparecerem à próxima "escolinha de governo", seis em cada dez municípios do estado enfrentam graves problemas no transporte escolar, segundo estimativa de representantes da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) no Paraná. Superlotação, ônibus sem itens obrigatórios de segurança, problemas mecânicos e atrasos são problemas comuns no interior. Para essas cidades, um ônibus novo pode fazer muita diferença na oferta de um transporte de maior qualidade aos alunos.

E mais um detalhe que torna o anúncio do governo do estado mais indigesto: 52% dos alunos transportados pelos municípios (216 mil estudantes, em todo o Paraná), são da rede pública estadual, segundo a Undime. Ou seja, são de responsabilidade do governo.

E, embora a administração estadual tenha recentemente aumentado em 21% a verba destinada às prefeituras para fazer o transporte escolar, o dinheiro não cobre nem metade dos gastos. Para este ano, os municípios devem gastar R$ 100 milhões com transporte escolar. E o governo do estado promete repassar apenas R$ 40 milhões.

A cidade de Ortigueira, na região central do estado, é uma das que têm problemas para manter o transporte escolar. Mas não tem chance de ganhar o ônibus que o governador Roberto Requião pretende sortear. Segundo o prefeito Geraldo Magela (PSDB), nenhum parlamentar governista representa o município (de acordo com o governo, o deputado que ganhar o sorteio pode escolher qualquer município para repassar o veículo).

Magella, apesar de apoiar o governador, não concorda com o sorteio. Ele acredita que o critério para contemplar um município com o ônibus deveria ser a real necessidade, o que certamente incluiria a cidade na lista de prováveis merecedores do veículo. Terceiro maior município em extensão no estado – 160 quilômetros de um extremo ao outro –, Ortigueira não pode menosprezar o transporte escolar. O nível de escolaridade é um dos critérios do índice de desenvolvimento humano (IDH) e a cidade se esforça para sair da última posição no estado. Além disso, 65% da população está na zona rural, forçando a oferta do transporte.

Segundo Magela, a prefeitura gasta quase 10% do orçamento com transporte escolar. Do R$ 1,7 milhão gasto no ano passado, o governo federal colaborou com R$ 69 mil e o estadual com R$ 248 mil. São 174 linhas que atendem 4,2 mil alunos. O prefeito estima ainda que apenas 30% dos estudantes transportados são de responsabilidade do município. Os outros são da rede estadual.

Nota

Ontem, após a polêmica do dia anterior, a Gazeta do Povo recebeu um e-mail, remetido pela Agência Estadual de Notícias do governo, que continha uma irônica nota que dava a entender que o anúncio do sorteio não passou de uma brincadeira – argumento que igualmente foi usado pelos deputados governistas da Assembléia Legislativa. A Casa Civil, procurada pela reportagem, porém, informou que não se pronunciaria sobre o caso do sorteio do ônibus.

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