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Na campanha eleitoral de 2014, um deputado estadual eleito promoveu um jantar em um restaurante de Santa Felicidade, em Curitiba. O comitê estava bancando a conta, o que é ilegal. Em dado momento, o político notou que havia um funcionário do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) no recinto. E teve que se virar para ordenar que os convidados pagassem as refeições.

O caso é um dos resultados práticos de uma iniciativa adotada pelo tribunal em 2014, e inédita no país. É simples: consiste em um servidor do TRE circular pela cidade fotografando atos de campanha.

Na hora da análise da prestação de contas, os funcionários comparam as imagens com o que foi informado pelo candidato. Em muitos casos, o ato registrado nem era mencionado. Constam como exemplos santinhos, cavaletes, eventos e até guardas-sóis com o nome do político.

Com a "campanha-fantasma", composta por vários itens não contabilizados, os candidatos podem levar vantagem em relação aos demais. E obter benefícios em prática análoga ao caixa dois.

Segundo o TRE, a atuação nas ruas resultou em aumento considerável de retificações nas prestações de contas. Em 2010, apenas 15% das 800 prestações tiveram que ser corrigidas por inconsistências. Em 2014, foram 40% de alterações– considerando que apenas 700 de 1,2 mil prestações foram analisadas até agora.

As fotos foram afixadas em um grande painel no galpão onde os candidatos entregavam as parciais das contas. Era um método de "constranger" condutas parecidas.

Segundo o TRE, as maiores campanhas do estado tiveram que retificar dados. Inclusive as dos candidatos ao governo Beto Richa (PSDB), Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT), e de vários deputados eleitos.

Na prática, a correção dos dados não implica multas ou sanções ao candidato. Mas torna a prestação de contas mais próxima da realidade.

O presidente eleito do TRE, Jucimar Novochadlo, que tomará posse na segunda-feira, diz que o objetivo era tirar a Justiça Eleitoral do "mundo de faz de contas". Isso porque, sem fiscalização na rua, fica difícil saber se as prestações apresentadas pelos candidatos são verdadeiras ou não.

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