Santos (AE e Folhapress) Por 4 votos a 3, Edson Cholbi do Nascimento, o ex-goleiro Edinho, filho de Pelé, foi absolvido da acusação de ter participado de um suposto racha, que resultou na morte do aposentado Pedro Simões Neto, de 50 anos.
O acidente aconteceu em outubro de 1992, na Avenida Epitácio Pessoa, em Santos. A sentença foi proferida depois de 14 horas de julgamento, um dos mais longos da história do Tribunal do Júri de Santos e que levou centenas de curiosos ao Fórum.
Iniciado por volta das 14 horas de quinta-feira, o julgamento se prolongou até as 4 horas da madrugada de ontem, com o anúncio da sentença. Edinho usava algemas ao entrar no Tribunal e permaneceu o tempo todo ladeado por dois policiais militares no banco dos réus. Ele está preso desde o dia 6 de junho, indiciado por associação para o tráfico de drogas.
Em seu depoimento, Edinho se defendeu. "Fui testemunha de uma tragédia", afirmou ao ser interrogado pelo juiz Gilberto Ferreira da Cruz.
Segundo a denúncia do promotor Octavio Borba de Vasconcellos Filho, rejeitada pela Justiça, Edinho e o funcionário público Marcílio José Marinho de Mello, de 31 anos, participavam de um racha quando o carro dirigido por este último atingiu a moto do aposentado Pedro Simões Neto, que morreu atropelado. O promotor defendia a tese de que os dois cometeram crime doloso (intencional ou no qual o autor assume, ao menos, o risco de produzir o resultado).
Melo também negou que tenha havido racha e disse que "o que houve naquela noite foi um acidente". Os dois acusados negaram se conhecer antes do incidente.
Esta foi a segunda vez que Edinho, junto com Mello foram a júri. O primeiro julgamento ocorreu em 1999, quando os dois motoristas foram condenados por homicídio, com pena de seis anos de reclusão. Seus advogados recorreram, anulando a sentença na ocasião em que foi marcado novo julgamento. De acordo com a Promotoria, o segundo julgamento é definitivo, não cabendo mais recurso junto ao Tribunal do Júri.
Enquanto Edinho foi inocentado, Mello não teve a mesma sorte, já que foi condenado a um ano de reclusão. O funcionário público, porém, recebeu o benefício da pena alternativa, o que resultará na prestação de serviços à comunidade.
Alívio
O resultado do julgamento trouxe alívio aos familiares de Edinho. Sua esposa, Jéssica; a mãe, Rosemere Cholbi, e a irmã Kelly Cristina mostraram-se aliviadas. É que o ex-goleiro, que está sendo acusado por associação ao tráfico de drogas, em razão do seu envolvimento com o traficante Ronaldo Duarte Barssotti de Freitas, retorna à condição de réu primário. "Não me resta a menor dúvida dos efeitos positivos desta decisão", afirmou na madrugada de ontem o advogado Sidney Gonçalves.
Inconformismo
A família do aposentado morto, sobretudo o filho Pedro Alexandre Simões, não escondia a insatisfação com o resultado deste segundo julgamento. "Infelizmente, a gente observa que a Justiça só favorece os poderosos, aqueles que têm condições de contratar bons advogados", revelou, lembrando que o promotor Octávio Borba de Vasconcellos Filho cumpriu o seu papel de reunir testemunhos e provas periciais que indicavam a realização de um racha.
Deixe sua opinião