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O deputado governista Cândido Vaccarezza (PT-SP) envia uma mensagem, por celular, criticando a tentativa de pedir explicações à presidente Dilma: “O presidente da CPI, Vital do Rêgo, negou liminarmente a tentativa inconstitucional e idiota do PSDB de interpelar a Dilma” | Alan Marquesa/Folhapress
O deputado governista Cândido Vaccarezza (PT-SP) envia uma mensagem, por celular, criticando a tentativa de pedir explicações à presidente Dilma: “O presidente da CPI, Vital do Rêgo, negou liminarmente a tentativa inconstitucional e idiota do PSDB de interpelar a Dilma”| Foto: Alan Marquesa/Folhapress

Gurgel terá de explicar demora na investigação

Conselho do MP quer saber por que o procurador demorou três anos para apurar a ligação de políticos com o bicheiro Cachoeira

Leia a matéria completa.

Cavendish e Pagot

Deputado denuncia "tropa do cheque" para evitar convocações

Agência O Globo

O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), integrante da CPMI do Cachoeira, pediu ontem que a comissão investigue os rumores de que haveria uma "tropa do cheque" para evitar a convocação de Fernando Cavendish, sócio da Delta, e de Luiz Antônio Pagot, ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit). A "tropa do cheque" seria um grupo que estaria pagando parlamentares para evitar a convocação dos dois.

Teixeira ainda pediu a apuração de um possível encontro de parlamentares com Cavendish. O encontro, segundo o deputado, teria acontecido em Paris (França), depois que os parlamentares fizeram uma visita oficial a um país da África. Antes de voltar ao Brasil, o grupo teria passado pela capital francesa, onde teria se encontrado com o sócio da Delta. Teixeira disse que o objetivo da investigação seria verificar se isso de fato ocorreu, e se entre esses parlamentares, estariam incluídos integrantes da CPMI.

Caso isso se confirme, segundo ele, é preciso verificar se os votos desses parlamentares podem ter evitado a convocação de Cavendish em votação realizada ontem, que teve placar de apertado – 16 votos pelo adiamento da decisão e 13 pela convocação imediata.

Convocações

Sem consenso para ouvir "figurões", CPMI chama personagens "secundários"

Das agências

Sem conseguir consenso para convocar "figurões", a CPMI aprovou ontem requerimentos para ouvir personagens "menores" do caso Cachoeira. Foram dez convocados, entre eles a mulher do bicheiro Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça. No balanço do dia, porém, quem mais "perdeu" foi o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), que viu seis pessoas ligadas a ele serem convocadas.

Um dos depoentes será o jornalista Luiz Bordoni, que diz ter recebido de uma empresa do esquema de Cachoeira o pagamento por trabalhos prestados à campanha eleitoral do tucano, em 2010. A lista inclui ainda Lúcio Fiúza, ex-assessor especial do governador de Goiás; Alexandre Milhomem, arquiteto que reformou uma casa do governador; Aredes Correia Pires, ex-corregedor-geral da Secretaria de Segurança Pública de Goiás; João Furtado de Mendonça Neto, atual secretário de Segurança Pública de Goiás; e Ana Cardozo de Lorenzo, que seria sócia de uma empresa de opinião contratada pela campanha de Perillo ao governo em 2010.

No requerimento, de autoria do deputado Dr. Rosinha (PT-PR), consta que Ana recebeu dois cheques de R$ 56 mil da empresa Alberto e Pantoja, um mês após ter prestado o serviço para a campanha do tucano. A Alberto e Pantoja é, segundo a Polícia Federal, uma empresa de fachada usada no esquema de Cachoeira.

A CPMI convocou ainda Hilner Ananias, ex-assessor especial de Demóstenes Torres; Rubmaier Ferreira de Carvalho, contador das supostas empresas de fachada de Cachoeira; e Alcino de Souza, policial civil aposentado que abriu uma empresa que teria sido usada pelo esquema de Cachoeira. A comissão ainda vai definir a data dos depoimentos.

A CPMI quebrou ainda os sigilos da Excitante, empresa que pagou com cheques uma casa vendida pelo governador supostamente paga com dinheiro do esquema; de Lúcio Fiuza, assessor especial de Perillo; e de duas empresas: Faculdade Padrão, cujo dono se diz o comprador da casa do governador, e Mestra Administração, que aparece como dona do imóvel no registro feito em cartório.

R$ 400 mil

é quanto Agnelo Queiroz declarou ter pago por uma casa em 2007. Mas, um ano antes, ele havia declarado à Receita Federal ter um patrimônio de apenas R$ 224 mil. A quebra do sigilo bancário do governador pode explicar o caso.

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  • Andressa Mendonça: mulher de Cachoeira foi convocada

Depois dos depoimentos mornos dos governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF) – quando ambos foram poupados de questionamentos mais incisivos, num suposto acordo entre petistas e tucanos –, a CPMI do Cachoeira chegou ontem a um novo impasse que impede que a investigação prospere. Desta vez em torno da empreiteira Delta. A oposição tentou levar as relações da construtora com o governo federal para o centro da investigação. Os governistas impediram. Nos bastidores, comenta-se que a tentativa da oposição foi uma jogada para evitar a convocação do tucano José Serra, que firmou contratos com a Delta quando foi governador de São Paulo e prefeito da capital paulista.

Especula-se que a empreiteira tenha o bicheiro Car­­linhos Cachoeira como sócio oculto. Governistas tentam tirar a empreiteira do foco da investigação porque ela é uma das principais responsáveis por obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Já a oposição teme que os contratos da Delta com o governo tucano de São Paulo venham a ser investigados. Na base da ameaça mútua de um partido apurar suspeitas envolvendo o outro, a investigação fica parada.

Dilma e Serra

A CPMI suspendeu ontem a apreciação da convocação do ex-presidente da Delta Fernando Cavendish, por 16 votos a 13. E o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), recusou-se a aceitar o requerimento do PSDB que pedia explicações a Dilma sobre as obras da Delta com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). A base aliada do governo protestou acusando os tucanos de usar o requerimento para constranger o governo. Vital foi aplaudido por deputados e senadores da base ao anunciar que nem sequer receberia o requerimento por ser "uma afronta à Constituição".

Nos bastidores, o pedido contra Dilma é visto como um "antídoto" para tentar impedir a convocação de tucanos e pessoas ligadas ao PSDB de São Paulo. Na pauta da reunião de ontem da CPMI havia um pedido de convocação, não apreciado, do ex-governador paulista José Serra. O pedido foi apresentado pelo deputado Dr. Rosinha (PT-PR). Para Rosinha, é necessário que Serra esclareça a razão do crescimento dos contratos feitos com a Delta no período entre 2005, quando o tucano foi prefeito de São Paulo, a 2010, quando ele deixou o governo do estado de São Paulo para disputar as eleições presidenciais.

Outro personagem ligado a Serra que poderia vir a ser convocado pela CPMI seria Paulo Preto, ex-diretor da Dersa, estatal paulista responsável pela manutenção de rodovias. O ex-diretor do Dnit Luiz Antonio Pagot acusou Paulo Preto de ter feito caixa dois para as campanhas de José Serra à Presidência e de Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo.

Pagot também afirmou recentemente que a campanha de Dilma Rousseff à Presidência, em 2010, pediu que ele entrasse em contato com empreiteitas para pedir financiamento de campanha. O ex-diretor do Dnit ainda alega que foi perseguido pela Delta e pelo grupo de Cachoeira quando estava à frente do órgão.

Pagot vem afirmando que quer falar à CPMI. Mas, diante da possibilidade de que seu depoimento prejudique tanto o governo federal quanto o de São Paulo, os parlamentares da comissão estão evitando ouvi-lo. Na sessão de ontem da CPMI foi decidido adiar a votação do pedido de convocação de Pagot. A decisão foi tomada com 17 votos contrários à convocação e 13 a favor.

Comissão quebra o sigilo dos governadores Agnelo e Perillo

Das agências

A CPMI do Cachoeira formalizou ontem a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Os parlamentares da CPMI também decidiram que a quebra dos dados sigilosos dos dois se estenderá de 2002 a 2012. Ambos os governadores são suspeitos de terem ligação com o esquema de corrupção do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Na quarta-feira, Agnelo se dispôs, em depoimento à comissão, a abrir seus sigilos. "Sei que não é usual uma testemunha fazer o que vou propor agora, mas não posso conviver com desconfiança e coloco aqui, à disposição da CPI, meu sigilo bancário, fiscal e telefônico", disse Agnelo anteontem em um depoimento de mais de dez horas à CPMI. O gesto do petista levou o tucano Marconi Perillo a fazer o mesmo – o governador de Goiás havia se negado a abrir seus dado em depoimento à CPMI na terça-feira.

Integrantes da oposição na CPMI do Cachoeira, porém, acusaram Agnelo de autorizar a quebra dos sigilos bancários, fiscal e telefônicos já quebrados por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em decisão proferida pelo ministro do STJ César Asfor Rocha, em novembro de 2011, ficou determinado que os sigilos de Agnelo seriam quebrados pelo período entre 2005 e 2010. A medida foi tomada com base em um inquérito que trata do suposto desvio de recursos do Ministério do Esporte quando o petista esteve à frente da pasta, entre 2003 e 2006.

"Olha só a coincidência: o ministro Asfor Rocha quebrou por cinco anos. Ou seja, ele [Agnelo Queiroz] quebrou um sigilo já quebrado determinado por um ministro do STJ. Que fato novo ele apresentou aqui? Não se quebra sigilo de sigilo já quebrado", questionou na quarta-feira o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), integrante da CPMI.

A nova quebra de sigilo, porém, vai se estender a um período maior, de dez anos. E pegará o período em que Agnelo está governando o Distrito Federal (desde 2010). Assessores do governador petista são suspeitos de terem favorecido empresas do esquema de Cachoeira no governo do Distrito Federal.

Os dados abertos também permitirão investigar se houve irregularidade na compra, em 2007, de uma casa por Agnelo. Há a suspeita de que a compra foi feita por um preço abaixo do declarado oficialmente (R$ 400 mil). O preço reduzido seria uma "facilidade" supostamente oferecida pelos antigos proprietários em troca de um possível favorecimento da parte de Agnelo a empresas ligadas a eles. Na época, o petista era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e os donos do imóvel tinham interesses na Anvisa.

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