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Debate

Petista participa de seminário em Curitiba

O ex-deputado federal Antonio Carlos Biscaia (PT) vai visitar Curitiba nas próximas quarta e quinta-feira. No dia 26, às 19 horas, ele participa da conferência "Direitos Políticos e Direitos Humanos no Brasil", no Teatro da Reitoria, durante o 4º Seminário Nacional de Sociologia e Política, na Universidade Federal do Paraná. No dia seguinte, divulga sua biografia no Ministério Público do Paraná. Biscaia nasceu e morou na capital paranaense até os 16 anos. O avô dele, João Alfredo Silva, construiu o Hospital e Maternidade Victor Ferreira do Amaral, no Batel. O tio-avô, Oscar De Plácido e Silva, foi um dos juristas mais importantes do estado e co-fundador da Gazeta do Povo, em 1919.

Procurador de Justiça aposentado e ex-deputado federal, Antonio Carlos Biscaia ganhou notoriedade no combate à corrupção em tempos difíceis para o PT. Entre 2005 e 2006, liderou um grupo de dissidentes do partido durante o escândalo do mensalão. Votou pela cassação do então ministro da Casa Civil José Dirceu. E foi presidente da CPI dos Sanguessugas, que recomendou a perda de mandato de 72 parlamentares envolvidos na máfia das ambulâncias. Porém, ao contrário de "rebeldes" como Heloísa Helena e Chico Alencar, que migraram para o PSol, ele permanece petista até hoje.

"Trocar de partido é trocar de problema", diz Biscaia. Para ele, não há atualmente nenhuma legenda com diferencial no campo ético. "A opção é votar em homens e mulheres de bem, não importa a filiação partidária."

Decepções e experiências como essa são descritas na biografia Biscaia (Editora Cassará), escrita pelo jornalista Marcelo Auler, e lançada no último dia 3. O livro conta a trajetória pública dele, da infância em Curitiba, passando por três décadas de trabalho no Ministério Público do Rio de Janeiro até chegar ao Congresso Nacional. No começo dos anos 1990, como procurador-geral de Justiça do estado, Biscaia encampou ações contra fraudadores da Previdência e a máfia do jogo do bicho e participou de momentos dramáticos como as chacinas da Candelária e de Vigário Geral.

No PT, por Lula

Apesar da identificação com Leonel Brizola e o PDT, acabou convencido a entrar para a política apenas aos 55 anos, por um apelo pessoal de Lula. "Optei pelo PT porque era um partido que tinha a bandeira da ética." Na época (1997), a legenda fazia oposição ao governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) amparado por um forte discurso que desembocou na campanha "Xô, Corrupção!".

Esse perfil, no entanto, sempre trouxe problemas eleitorais para Biscaia, que disputou as últimas quatro eleições para a Câmara dos Deputados. Em 1998 e 2006, foi eleito como suplente e apenas em 2002 como titular. Em 2010 passou longe de conseguir uma cadeira, mesmo tendo sido considerado um dos cinco congressistas que mais combatiam a corrupção pelo prêmio Congresso em Foco de 2009.

Ao longo seu mandato, Biscaia se negava a conversar ou até cumprimentar o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Em janeiro de 2004, ele e os ainda deputados petistas Paulo Rubem Santiago (PE) e Chico Alencar (RJ) conseguiram 164 assinaturas de colegas para lançar a Frente Parlamentar de Combate à Corrupção. O objetivo do grupo era dar celeridade à tramitação de propostas sobre o tema. Na mesma época, começou a decepção com a escolha de alianças do PT ao chegar ao Palácio do Planalto.

Mensalão

A biografia mostra vários atritos entre Biscaia e José Dirceu. O principal foi um alerta feito pelo ex-procurador ao então ministro sobre a conduta do deputado federal Roberto Jefferson (PTB). Biscaia descreve que, em 2003, procurou José Dirceu para que o indicado do governo para ocupar a Delegacia Regional do Trabalho do Rio de Janeiro fosse "uma pessoa de bem" e "desvinculado de Jefferson".

Como resposta, conta ter ouvido de Dirceu que a indicação seria de Jefferson por uma questão de acordo político. Dois anos depois, a relação com Jefferson saiu do controle do ministro com as primeiras denúncias do petebista sobre o mensalão. Ambos acabaram cassados por quebra de decoro parlamentar. Biscaia é um dos raros petistas que admite publicamente ter votado a favor da perda de mandato de José Dirceu. "Votei pela cassação porque havia elementos suficientes para comprovar a quebra de decoro. O voto é secreto e agi pela minha consciência."

Ele afirma não ter embasamento para dizer se houve ou não compra de apoio político em votações, mas aponta irregularidades nos repasses de recursos do PT para outros partidos. "A grande maioria acha que isso foi uma invenção, querem levar exclusivamente para a questão do financiamento das campanhas, caixa dois. Eu não concordo com essa posição. Não pode um partido, por qual pretexto seja, repassar R$ 4 milhões para outro partido. Esse repasse, evidentemente, não foi feito dentro dos parâmetros que a lei exige."

Toda essa polêmica, segundo ele, está ligada à fórmula escolhida pelo PT de fazer alianças. Para ele, há perspectiva de melhora se houver uma troca de interlocução com as legendas. "Há gente de bem em vários partidos. É só conversar com elas ao invés dos nomes que só dão problemas."

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