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O Legislativo visto como passaporte

O professor de Ciências Políticas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Adriano Codato avalia que, quando se analisa a estrutura de carreira dos políticos atualmente, o Poder Executivo é muito mais atrativo que o Legislativo. "Nem sempre foi assim. Entre 1946 e 1964, o Legislativo era um Poder em que as pessoas permaneciam, sobretudo na Câmara Federal. Hoje, os políticos transformaram o Legislativo numa forma de passagem ao Poder Executivo, o que se aplica à pesquisa realizada pela Gazeta do Povo", diz Codato.

Segundo o professor, o Legislativo tem pouquíssimo poder decisório. "Supondo que os políticos entram na carreira para exercer o poder, é muito mais racional procurar o Executivo." Codato observa o caso dos deputados paranaenses que procuram voltar a posições que já ocuparam no Executivo, os ex-prefeitos de Londrina Eduardo Cheida (PMDB) e Antônio Belinati (PP).

Com dados de uma pesquisa que realizou sobre a atividade dos parlamentares em três governos – os dois mandatos de Jaime Lerner (1995–2002) e o mandato anterior de Roberto Requião (2003–2006) –, Codato afirma que a trajetória dos políticos paranaenses é bastante previsível. "Por exemplo, 65% dos deputados daquelas legislaturas tiveram como primeiro cargo eletivo o de vereador e 30% foram prefeitos num segundo momento. No momento da pesquisa, antes de assumirem o mandato, 52% deles tinham como último cargo o de deputado estadual." (RD)

Cerca de um terço dos deputados estaduais está se articulando para o lançamento de suas pré-candidaturas nas eleições municipais do próximo ano. A Gazeta do Povo fez uma pesquisa com 52 dos 54 deputados, que indicou que 16 deles pretendem alçar seus nomes à condição de candidato a prefeito por seus partidos, enquanto outros sete também têm planos, num futuro não tão próximo, de desempenhar funções no Poder Executivo, seja no âmbito estadual ou municipal.

Os parlamentares que pretendem se estabelecer no Poder Legislativo somam 18 dos pesquisados. Oito deputados dizem acreditar que a política é algo ocasional em suas vidas e pretendem retornar à profissão, enquanto que dois deputados dizem que não sabem que caminho irão escolher.

Em Curitiba, seis parlamentares manifestam o desejo de enfrentar o prefeito Beto Richa – provável candidato à reeleição – no próximo ano. São eles: Carlos Simões (PR), Fábio Camargo (PTB), Osmar Bertoldi (DEM), Tadeu Veneri (PT) e os peemedebistas Reinhold Stephanes Jr. e Cleiton Kielse. Veneri tem como principal concorrente dentro do PT a ex-diretora da usina Itaipu Gleisi Hoffmann. "Pretendo concorrer às prévias do partido e fazer uma reflexão sobre que projetos pretendemos implementar. Há setores da sociedade que estão alijados do processo de debate em Curitiba", diz. Já Stephanes Jr. e Kielse disputam a candidatura num partido que possui vários postulantes – como o diretor da Cohapar, Rafael Greca; o reitor da UFPR, Carlos Augusto Moreira Júnior, e a ex-deputada federal e recém-filiada Clair Martins.

Na região metropolitana de Curitiba, três deputados podem sair candidatos. Em Fazenda Rio Grande, o deputado Geraldo Cartário (sem partido) – adversário político do atual prefeito do município, Antônio Wandscheer (PMDB) – afirma que só vai se lançar candidato se não houver um projeto diferenciado para ganhar a eleição. "Se tiver outra alternativa, permaneço na Assembléia", disse. O deputado Professor Luizão (PT), primeiro suplente de Ênio Verri, deve concorrer em Pinhais. Segundo Professor Luizão, a vantagem de se estar no Legislativo é que o mandato proporciona visibilidade. "Permite que se trabalhe na política. Mas o mandato não é definitivo, sou suplente", lembra ele. E em Araucária, a deputada Rosane Ferreira (PV) está decidida a disputar a prefeitura. Para financiar a campanha, conta que está guardando o salário de mais de R$ 12 mil em uma conta bancária. Segundo Rosane, durante todo esse ano e no ano que vem, ela está sendo "sustentada pelo marido", que é médico. "Não tenho financiamento de campanha, nem público nem privado. No ano passado, quando me elegi pela primeira vez, dos R$ 54 mil que gastei, R$ 30 mil foram do meu trabalho como enfermeira", explica.

Nos Campos Gerais, o deputado Plauto Miró (DEM) tenta realizar um antigo sonho e suceder o prefeito Pedro Wosgrau Filho (PSDB) na prefeitura de Ponta Grossa. "Tudo vai depender do andamento das questões políticas locais. Nosso grupo atualmente está na prefeitura", declara. Em Guarapuava, há a possibilidade de que o candidato venha a ser o deputado Artagão Júnior (PMDB). Segundo o parlamentar, eventualmente pode ser escolhido outro nome, mas se não for no próximo ano, em algum momento ele estará disputando a prefeitura do município. "A diferença do Legislativo com o Executivo é a capacidade de resolução. No Executivo você tem a 'caneta na mão' e decide, no Legislativo você encaminha, fiscaliza, legisla e faz a intermediação entre a população e o governo do Estado", diz.

O líder do PT na Assembléia, Elton Welter, trabalha com a possibilidade de disputar a prefeitura de Toledo. "Quero colocar em prática a experiência que tenho no Legislativo. acredito que dá para trabalhar mais as políticas sociais", diz Welter.

No Norte, dois parlamentares que já foram prefeitos de Londrina pretendem novamente ocupar o cargo na cidade: Antônio Belinati (PP) e Eduardo Cheida (PMDB). Na mesma região, o deputado Miltinho Puppio (PSDB), suplente de Luiz Fernandes Litro, quer disputar a prefeitura de Mandaguari, e o deputado Waldir Pugliesi (PMDB) cogita a possibilidade de se candidatar a prefeito de Arapongas, contra o seu sobrinho Beto Pugliesi. O deputado já foi três vezes prefeito de Arapongas, e ainda está avaliando um retorno ao Executivo municipal.

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