• Carregando...

Uma decisão do Operador nacional do Sistema (ONS), que comanda todo o sistema elétrico nacional, determinou que o controle das usinas do Paraná será feito a partir de uma central, em Florianópolis, a partir de janeiro de 2006. A medida é conseqüência de um decreto de 1998, assinado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, que associou compulsoriamente todas as operadoras do país ao ONS.

A alteração já teve a primeira reação, com o deputado estadual Rafael Greca (PMDB) que pretende entrar com uma ação pública para impedir a transferência. De acordo com o parlamentar, caso seja mesmo transferido o comando do sistema, o abastecimento de energia elétrica no Paraná corre o risco de períodos maiores de interrupção, além de problemas ambientais devido ao erro de controle de vazões das comportas das usinas, e ainda o risco do aumento do preço da tarifa, que seria determinada pelo sistema nacional.

"Hoje, as usinas hidrelétricas do Paraná são operadas por engenheiros e técnicos da Copel, que conhecem profundamente o regime de águas do Rio Iguaçu. No caso da transferência para uma central em Florianópolis, todo o sistema seria operado a distância por computadores", explica o deputado. Greca alerta ainda para o perigo da falta de monitoramente do nível do Rio Iguaçu, que poderia inundar cidades na Região Sul do estado, caso as comportas das usinas não fossem abertas quando houvesse um maior volume de chuvas.

A partir da ação pública, Rafael Greca espera sensibilizar toda a classe política do Paraná para que se mobilizem e evitem a mudança do atual sistema de gerenciamento. "Os engenheiros da Copel acreditam que ainda é possível reverter o processo", afirma o deputado.

A competência da Copel em administrar o sistema foi comprovada, lembra Greca, no período em que o país passou por uma crise de produção de energia (em 2000), período que ficou conhecido como apagão. "Graças à Copel, o Paraná ficou fora do racionamento de energia e ainda garantiu o abastecimento de toda a Região Sul", lembra. "E só não atendeu ainda a outros estados porque não havia condições de transmissão."

Sem ativos

Na criação da ONS pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, ficou determinado que este ente privado seria dono de todas as empresas federais – que pertenciam ao sistema Eletrobrás. Na época, além da Copel, no Paraná, a Cemig, de Minas Gerais, e os sistemas do Rio Grande do Sul e de São Paulo não estavam privatizados (hoje somente Paraná e Minas continuam sob o controle do governo estadual).

"Com isso, este ente (a ONS) que não tinha ativos, ficou como dono de todo o sistema elétrico brasileiro. Empresas como a Copel ganharam um sócio compulsoriamente", explica Greca.

O deputado diz ainda que o consumidor paranaense, no atual sistema, conta com um eficiente atendimento às emergências. "Quando falta luz na chácara onde moro, dou um telefonema e em pouco tempo uma equipe da Copel atende a meu chamado e soluciona o problema. Será que este tipo de atendimento vai continuar com a operação centralizada em Florianópolis?", pergunta.

Outro ponto importante, segundo Greca, é a questão dos custos. O deputado lembra que hoje os consumidores pagam a ONS sem que este ente faça alguma coisa. "O orçamento do operador, em 2005, foi de mais de R$ 294 milhões. Para implantar a transferência do centro serão contratadas novas pessoas e novas instalações que também representam custos a ser repassados ao consumidor", conclui.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]