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O empresário Marcos Valério de Souza, apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como operador do suposto mensalão, disse em depoimento na Procuradoria Geral da República que o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu e o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira tinham conhecimento dos empréstimos bancários feitos por ele a pedido do ex-tesoureiro Delúbio Soares.

No depoimento, Valério contou que fez cinco empréstimos no BMG e no Banco Rural, a pedido de Delúbio, totalizando R$ 39 milhões. Os valores corrigidos representam hoje uma dívida de R$ 93 milhões. O dinheiro teria sido repassado ao PT.

O publicitário citou os nomes de 11 pessoas que estavam autorizadas a fazer saques em dinheiro, em nome do PT, nas agências do Banco Rural. O telejornal "Bom Dia Brasil", da TV Globo, conseguiu identificar cinco destes nomes: Anita Leocádia, assessora do líder do PT na Câmara, Paulo Rocha; José Luís Alves, assessor do ex-ministro dos Transportes, Anderson Adauto; Solange Pereira de Oliveira, do diretório do PT de São Paulo; Raimundo Ferreira Silva Júnior, do conselho fiscal do PT nacional e funcionário do deputado Paulo Delgado, do PT de Minas Gerais; e Vilmar Lacerda, presidente do PT do Distrito Federal.

- Por orientação do senhor Delúbio Soares, por volta de setembro de 2003, eu fui à agência do Banco Rural e saquei R$ 50 mil para pagar dívidas do PT do Distrito Federal contraídas antes da minha gestão como presidente do partido - conta o presidente do PT-DF, Vilmar Lacerda.

Outros seis nomes estão na lista de Marcos Valério: Áureo Markato, Renata Maciel Resende Costa, Roberto Costa Pinho, Rui Milan, José Nilson dos Santos e Luiz Mazano. A lista foi submetida pela Procuradoria da República a Delúbio, que não reconheceu nenhum dos nomes, negando que eles tenham recebido delegação do partido para fazer os saques.

Marcos Valério disse ainda que entregou dinheiro para campanha eleitoral nas mãos de dois deputados federais: Roberto Jefferson, do PTB; e Carlos Rodrigues, do PL. Em seu depoimento na CPI dos Correios, Jefferson disse que tinha recebido R$ 4 milhões do publicitário para campanhas de candidatos do PTB nas eleições municipais de 2004.

Em entrevista na segunda-feira ao Jornal da Globo, o secretário de Comunicação da Presidência da República, Luiz Gushiken, disse que empréstimos são comuns na atividade partidária, mas afirmou estranhar que o PT tenha recorrido à intermediação de Valério:

- O que é estranho e que deve merecer investigação bastante pormenorizada é a aliança com uma empresa de publicidade que oferece contratos como aval para o banco. E penso que as investigações, ao detectar a lista das pessoas que foram beneficiadas, dá maior luz para a situação5.

Quanto à possibilidade de o ex-ministro José Dirceu saber da operação, Luiz Gushiken foi claro:

- Se o José Dirceu sabia ou não desta operação, aí teria que perguntar a ele.

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